O Castro de Sabroso, situado em Sande (S. Lourenço), concelho de Guimarães, foi alvo de vandalismo e destruição, atos esses que, ao que tudo indica, foram praticados por alguém com recurso a detetores de metais, revelou hoje a instituição cultural de interesse público “Sociedade Martins Sarmento”.
Aquela sociedade, fundada em 1881 em homenagem ao arqueólogo Martins Sarmento, decidiu tornar pública a ocorrência neste domingo, por se assinalar o Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, recordando que a utilização de detetores de metais em Portugal para achados arqueológicos está proibida.
Explica a sociedade que os seus técnicos verificaram a presença, no Castro de Sabroso, de “valas de saque resultantes de práticas ilegais de detetorismo”.
“Um destes saques, ocorrido em setembro de 2020, foi aberto no interior de uma estrutura circular, no terreno mais elevado do castro, onde o ato de vandalismo foi cometido num ponto em que o aparelho deve ter detetado uma lata, que ainda se encontrava no local”, contextualiza a instituição.

“A vala foi aberta no que será uma camada de revolvimento, tendo sido deixados à vista, além da referida lata, vários materiais arqueológicos que saíram da vala”, é exposto.
Acrescenta a sociedade que os técnicos recolheram o material desenterrado, que foi “parcialmente partido no decurso do saque”, para “lavagem e identificação”.
“São vários fragmentos de cerâmica e um fragmento talhado de quartzito. A maior parte dos fragmentos de cerâmica pertenciam a uma mesma peça. Seria um púcaro modelado a torno e fabricado através de cozedura redutora, com pasta fina, onde se identificam pequenos grãos de quartzo, e com a superfície previamente afagada”, refere a sociedade.
Trata-se de uma peça de louça de mesa, que corresponde à “especialização funcional das cerâmicas da última fase da Idade do Ferro (séculos II e I a. C.)”.

A instituição refere ainda que “apenas se guardou o que foi deixado à superfície”, desconhecendo o que “pode ter sido levado pelo autor do saque”, levando a que se perdesse “informação cronológica e funcional sobre a casa circular em questão”.
A Sociedade Martins Sarmento recorda que a utilização de detetores de metais para pesquisa de objetos e artefactos históricos é proibida em Portugal, bem como a utilização e transporte destes aparelhos, não licenciados, para efeitos de pesquisa em monumentos, de acordo com a Lei 121/99 de 20 de Agosto.
“Do mesmo modo, é proibida a recolha de materiais arqueológicos, mesmo estando à superfície. Todos os cidadãos devem denunciar estas situações junto das autoridades”, finaliza a instituição.