Braga vai investir 2,7 milhões na musealização da área arqueológica das Carvalheiras

Património

A Câmara de Braga aprovou hoje, por unanimidade, o projeto de execução para a musealização da área arqueológica das Carvalheiras, um investimento que deverá ascender a 2,7 milhões de euros.

Segundo o vereador do Urbanismo, Miguel Bandeira, trata-se de uma aspiração que já vem desde os anos 80 do século XX, “quando foram postos à luz do dia os vestígios arqueológicos, testemunhos únicos do património arqueológico romano da Península Ibérica”.

Para Miguel Bandeira, a cidade “passará a dispor de uma ampla área patrimonial musealizada e aberta ao público, que constituirá um equipamento de grande valor histórico e cultural, verdadeiramente emblemático da origem romana de Braga, capaz de ajudar a reforçar a sua identidade e a diferenciar a oferta cultural”.

Com o projeto aprovado, será agora lançado o concurso público para a obra, no valor de 2,7 milhões de euros e com um prazo de execução de 18 meses.

Miguel Bandeira adiantou que gostaria de ver a obra arrancar durante o verão, mas não se comprometeu com prazos.

O PS, pela voz do vereador Artur Feio, alertou que o valor apontado para a obra “parece manifestamente insuficiente”, vaticinando que será preciso “um esforço financeiro maior” do município.

Destacou o “caráter bastante arrojado” da intervenção, que “vai valorizar” uma zona da cidade que já tem essa “conotação” com parque arqueológico, com a colina de Maximinos.

Criticou, no entanto, que o projeto tenha sido contratado no exterior em vez de ter sido desenvolvido pelos técnicos do município.

A vereadora da CDU, Bárbara Barros, saudou igualmente o projeto, sublinhando que aquela coligação já vinha há anos a propor a intervenção “com alguma urgência”, para “evitar o desgaste daquelas ruínas”.

“Saudamos o projeto e este passo tão importante para a preservação da Ínsua das Carvalheiras”, referiu.

Segundo o município, o sítio arqueológico das Carvalheiras “é o único quarteirão romano completamente escavado da antiga Bracara Augusta, sendo o seu valor inegável para entender o urbanismo romano da antiga cidade”.

O município acrescenta que a Universidade do Minho realizou “um exaustivo” trabalho de investigação e interpretação dos achados arqueológicos daquele local.

“A intervenção permitirá a sua recuperação integral para utilização como lugar privilegiado de visita do passado romano da cidade, complementando a narrativa e os itinerários com outros lugares da mesma época que hoje já se podem visitar: entre outros, a Fonte do Ídolo, as Termas Romanas ou o Museu Arqueológico D. Diogo de Sousa”, acrescenta.

Para o município, o projeto de musealização das Carvalheiras “vai propiciar uma verdadeira viagem no tempo, através de uma experiência interativa alicerçada nas ‘media arts’, com a entrada num Centro Interpretativo que terá uma dimensão moderna e tecnológica e com um percurso até ao interior deste espaço que constitui um importantíssimo legado romano”.

Na área envolvente, será criado um parque verde.

Entretanto, na reunião de hoje foi também aprovado um protocolo a celebrar entre o município de Braga e a Universidade do Minho que visa a valorização e adequação à visita do Núcleo Arqueológico de Santo António das Travessas.

O projeto prevê a consolidação das estruturas arqueológicas existentes e a sua visitação.

Esta operação contará com a colaboração da Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho (UAUM), instituição esta responsável pela investigação arqueológica já realizada neste local.

O conjunto patrimonial, propriedade do município e localizado no edifício lote 20-26 da Rua Santo António das Travessas, “remete para a longa história bimilenária de Braga, oferecendo, por isso, um elevado potencial científico, histórico e cultural para a compreensão da evolução urbana da cidade”.

 
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