O Tribunal da Relação de Guimarães acaba de confirmar a decisão do Judicial de Braga, que está a julgar sete imigrantes ucranianos sob a acusação de ameaçarem uma comerciante russa da cidade, rejeitando um requerimento, de três deles, a contestar a nomeação da tradutora Olga Guedes, como intérprete da assistente russa.
“Nada na lei impede que seja nomeada uma intérprete para traduzir do português para o ucraniano e vice-versa, e outra para traduzir o português para o russo e vice-versa, antes tudo aconselhando que assim seja”, justifica o Tribunal.
Os juízes acrescentam que “a tradutora não foi nomeada ‘a la carte’, ela consta da lista oficial de tradutores e interpretes, já foi nomeada e exerceu funções nas fases anteriores do processo “.
No documento em que pediam a nulidade da nomeação, os três arguidos argumentaram que “a intérprete revelou nos autos, as conversas entre os arguidos e o seu defensor”.
Acrescentam que Olga Guedes anunciou publicamente que “iria intentar – ou já intentou – uma queixa disciplinar contra um dos defensores dos arguidos, pelo que está irremediavelmente comprometida a confiança da defesa na imparcialidade”.
Diziam, ainda, que já existe uma interprete nomeada nos autos, a qual é capaz de traduzir quer a língua ucraniana, quer a língua russa”.
Incitamento ao ódio e à violência
Conforme O MINHO tem noticiado, no julgamento, que prossegue em fevereiro de 2024, os sete imigrantes ucranianos estão a ser julgados no Tribunal de Braga pelo crime de incitamento ao ódio e à violência por terem ameaçado, em 2022, Natalya Sverlova, uma comerciante russa na sua loja, de nome Troika, em São Vicente.
A acusação diz que, no dia 07 de março, às 13:00, e para se vingarem da invasão russa de 24 de fevereiro, foram à loja, e disseram-lhe que era “uma p*ta” e que devia “voltar para a sua terra e deixar Portugal”. E ameaçaram queimar o espaço.
Nas duas primeiras audiências, cinco arguidos admitiram ter-lhe chamado fascista e estúpida, mas negaram tê-la ameaçado e chamado “p*ta de Putin”.