Braga recebe da ‘bazuca’ o equivalente a 2.000 euros por habitante

É mais que os restantes 23 concelhos do Minho todos juntos
Foto: Divulgação / CM Braga

Braga tem aprovados investimentos no valor de mais de 274 milhões de euros, os concelhos do Alto Minho 78 milhões e os municípios do Ave 142 milhões. No total, a região do Minho atraiu 530,8 milhões de euros do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Famalicão é a segunda cidade que consegue mais dinheiro do PRR na região, com 90,6 milhões de euros.

Entre as maiores cidades do Minho, Braga é também a que tem um maior investimento por habitante, dois mil euros, o dobro da média nacional. Famalicão é a segunda cidade minhota com maior investimento por habitante, com 697 euros, segue-se Viana do Castelo, com 647 euros e por último Guimarães, com 254 euros.

 

Atendendo ao investimento por quilómetro quadrado, Braga também é a cidade minhota mais favorecida, com 1 milhão de euros/km², ainda assim muito abaixo do máximo alcançado por Lisboa (28 milhões/km²).

 

Em segundo lugar, em investimento por área territorial, surge Famalicão com 449 mil euros/km², depois Viana do Castelo, com 173 mil euros/km² e, na última posição, Guimarães, com 163 mil euros/km².

Todos os grandes concelhos do Minho ficam acima da média nacional de investimento por quilómetro quadrado de superfície que é 119 mil euros/km².

O “New Generation Storage”, é o projeto, no concelho de Braga, que absorve a maior fatia dos fundos aprovados, 111 milhões de euros. Este pacto de inovação e cooperação entre 54 entidades (30 empresas e 24 Entidades não Empresariais do Sistema de Investigação e Inovação-ENESII) pretende “transformar estruturalmente o tecido produtivo nacional”, para criar as condições necessárias – ao nível tecnológico e recursos humanos – para um ecossistema industrial capaz de produzir em massa de tecnologias inovadoras, e uma cadeia-de-valor completa que permita a gestão debaterias em fim-de-vida.

O segundo projeto com maior financiamento, em Braga, também na componente “inovação”, é o “R2UTechnologies – modular systems”. Neste caso, são 94,9 milhões de euros destinados a “criar, em solo nacional, um cluster para o abastecimento global do setor da construção modular”. Este projeto pretende mudar o setor da construção de um paradigma produtivo intensivo em mão-de-obra para outro intensivo em conhecimento.

Fábrica Confiança deve estar transformada em residência para estudantes até ao final de 2024

O terceiro projeto em valor, no concelho de Braga, é a adaptação das instalações da antiga fábrica de sabonetes Confiança, numa residência para estudantes, com 786 camas. Trata-se de um investimento de 25,7 milhões de euros e a obra, previsivelmente, estará pronta no final de 2024.

Antiga fábrica Confiança, em Braga. Foto: CM Braga

O PRR contempla um pacote total de 16,6 mil milhões de euros distribuídos por apoios da União Europeia (UE), 13,9 mil milhões e empréstimos da UE, 2,7 mil milhões. Ao passo que os dois projetos mais avultados em Braga vão ser executados com recurso a apoios, a residência estudantil na Fábrica Confiança recorre a um empréstimo.

Famalicão aposta forte na tecnologia para o setor têxtil

Dos 90,6 milhões de euros que Famalicão atraiu, 70,8 milhões destinam-se à “geração e consolidação de uma Fileira Nacional da Indústria Têxtil e Vestuário verdadeiramente inovadora, sustentável e circular, através do desenvolvimento de produtos e materiais têxteis rastreáveis, de origem biológica, renovável e com melhores credenciais ambientais, sem afetar os seus níveis de performance”.

Este projeto, “BE@T” , reúne um consórcio multidisciplinar que compreende os principais players na cadeia de valor têxtil/moda (Sonae Fashion, Tintex, Riopele, Valerius, TMG Têxteis, ERT, Aquitex, Inovafil, Mundifios, TMG Auto, Crispim & Abreu, Mundotêxtil, Confetil, J Gomes, Fermir, Cork-a-Tex Yarns, Belfama, Fitecom, Lameirinho, Oldtrading, Impetus, Pafil, Hata, JF Almeida), mas também dos setores florestal, agrícola, das tecnologias da informação e da comunicação, dos resíduos urbanos e entidades do Sistema Científico e Tecnológico Nacional.

Foto: CM Viana do Castelo

Viana vai ter uma quarta travessia do Lima

Em Viana do Castelo, o maior projeto financiado pelo PRR é a quarta travessia sobre o rio Lima, entre a Estrada Nacional (EN) 203, em Deocriste (margem Sul), e a EN 202, em Nogueira (margem Norte). Este projeto tem alocados 15,4 milhões de euros e a data de conclusão apontada é o final de 2025. O segundo investimento de maior valor na capital do Alto Minho, é uma residência para estudantes, com 400 camas, junto ao Campus da Praia Norte. Este projeto recorre a um empréstimo no valor de 13,1 milhões de euros e deve estar pronto no verão de 2025.

Guimarães procura resolver o acesso ao seu parque de ciência e tecnologia

A Via do Avepark, para acesso ao parque de ciência e tecnologia na freguesia de São Cláudio de Barco, é o projeto que capta o maior valor de investimento, no concelho de Guimarães. São 12,6 milhões de apoios para construir esta via, anunciada, pelo menos, desde 2017.

Também no Avepark, situa-se o segundo empreendimento vimaranense de maior valor ao abrigo do PRR: nova residência para estudantes, com 177 camas, que dever estar pronta a servir os estudantes do Instituto Politécnico do Cávado e do Ave, a partir do verão de 2025.Este investimento recorre a um empréstimo, no valor de 5,8 milhões de euros.

Guimarães tem ainda um outro projeto de alojamento para estudantes nas instalações da Escola de Santa Luzia, no centro da cidade, com 150 camas. Trata-se de um investimento de 4,9 milhões de euros, também recorrendo a um empréstimo.

Antiga Escola de Santa Luzia, no Centro de Guimarães, dará origem a uma residência para estudantes. Foto: Rui Dias / O MINHO

O investimento que ocupa o segundo posto nos captados por Guimarães, é um apoio de cinco milhões de euros à Associação Laboratório Colaborativo em Transformação Digital – DTX. O DTX é constituído pelas universidades Católica, de Évora e do Minho, pelo INL e o CEiiA e por treze empresas, entre as quais a Bosch, Embraer e a IKEA. Este laboratório “desenvolve a sua atividade efetuando investigação aplicada em diferentes áreas associadas à transformação digital”.

O PRR é um programa da UE, de aplicação nacional, com um período de execução até 2026. Visa implementar um conjunto de reformas e investimentos destinados a repor o crescimento económico sustentado, na sequência da pandemia, reforçando o objetivo de convergência com a Europa. O PRR está estruturado em três grandes áreas de intervenção: Resiliência (11,1 mil milhões de euros), Transição Climática (31 mil milhões de euros) e Transição Digital (2,5 mil milhões de euros).

 
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