O Ministério Público pediu, sexta-feira, no Tribunal de Braga, a condenação dos sete imigrantes ucranianos que foram julgados por incitamento ao ódio e à violência por, alegadamente, terem ameaçado e importunado uma comerciante russa dentro da sua loja em Braga.
O magistrado disse que a acusação ficou provada pelo que pediu penas suspensas, e em alguns casos, penas leves. O pedido do MP foi seguido pela advogada da lojista Marta Carneiro que lembrou que, após o incidente, a sua constituinte ficou com medo de sair de casa.
Já os advogados de defesa, Rui Marado Moreira e Miguel Brito contrapuseram que os ucranianos foram à loja Troika, sita em S. Vicente, usando do direito de reunião e de manifestação consagrado na Constituição: “qualquer cidadão tem o direito de se indignar quando alguém, no caso, a comerciante Natalya Sverlova, ostenta no seu espaço a bandeira da antiga União Soviética, que tanto oprimiu o povo ucraniano, como se prova com os três milhões de mortos do Holodomor e que lhes lembra o fascismo”.
Acusação ”falsa”
Rui Moreira escalpelizou a acusação, que apelidou de “falsa”, dizendo que os vídeos que foram anexados ao processo, “demonstram, sem margem para dúvidas, que a lojista não foi ameaçada, nem insultada e que até teve tempo para gravar o que se passava com o telemóvel, enquanto falava com os sete, que até eram seus clientes”.
Disse que o grupo não atuou de forma organizada para intimidar a comerciante, e que lhe pediu apenas para tirar a bandeira soviética da parede e a de uma brigada que até participou na invasão da Ucrânia. “Até lhe pediram para a vender”, sublinhou, acentuando que uma das arguidas tem um filho na frente de guerra.
Garantiu, ainda, que tudo decorreu de forma pacífica, com a lojista a movimentar-se à vontade dentro do espaço e a falar com os ucranianos.
Já Miguel Brito lembrou que um dos arguidos, um sacerdote era cliente da loja tendo lá estado no dia anterior a comprar chouriço e vodka: “Não houve atos de ódio, aquilo foi uma manifestação de indignação que não pode ser considerado como crime!”
A acusação diz que, a 07 de março de 2022,e para se vingarem da invasão russa de 24 de fevereiro, foram à loja, e disseram-lhe que era “uma p..!” e que devia “voltar para a sua terra”. Depois, publicaram um vídeo no Facebook, o que originou vários comentários de ódio de outros ucranianos.