Braga: Moradores revoltados com “muro de Berlim”

Proprietário vedou passagem que a população garante ser pública
Foto: DR

A zona da Ponte Pedrinha, Braga, está a viver, na tarde desta quarta-feira, momentos muito agitados, devido à colocação de redes e de pedregulhos que tapam passagens pedonais para um infantário e o acesso a garagens.

A intervenção dificulta inclusivamente a entrada pela parte da frente de um dos edifícios residenciais desta área muito populosa da União de Freguesias de Lomar e Arcos. A PSP e a Polícia Municipal já tiveram de intervir.

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A situação chegou a complicar-se e as partes em confronto terão quase chegado a vias de facto, porque, aquilo que designam como sendo um “Muro de Berlim”, isola toda a zona envolvente.

A Polícia Municipal de Braga esteve sempre no local. Foto: DR

Os moradores dizem-se “espoliados de uma passagem pública”, enquanto o novo proprietário do terreno não cedeu: “O terreno é meu, é propriedade privada, por isso vou vedá-lo todo”.

A propriedade deste terreno causou a polémica na Ponte Pedrinha. Foto: DR

Os agentes da Polícia de Segurança Pública e da Polícia Municipal de Braga evitaram eventuais confrontos, mantendo sempre a ordem pública, mas não retiraram as vedações, conforme solicitaram os moradores daquela zona, uma vez que segundo lhes foi reiterado pelos polícias, a questão terá de ser resolvida pela Câmara Municipal de Braga e/ou pelo Tribunal Cível de Braga.

A saída de emergência do infantário também foi vedada. Foto: DR

Manuel Azevedo, de Braga, acompanhado por um arquiteto do Porto, Manuel Alves, bem como alguns operários, vedaram as áreas confinantes, não só a parte do terreno que alegam ser propriedade de Manuel Azevedo, mas também a zona de acesso e de passagem pública, incluindo uma estrutura de betão armado que tapa a entrada e saída para uma idosa em cadeira de rodas.

O acesso às garagens também foi barrado. Foto: DR

O presidente da União de Freguesias de Lomar e Arcos, Eduardo Fernandes, acompanhou o desenrolar de todo o conflito e a Unidade Local de Proteção Civil daquelas duas localidades foi chamada pelo autarca local, só que o problema continua, por as malhas de rede e as fitas terem sido colocadas e permanecerem, impedindo o acesso a todos, incluindo crianças do infantário.

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Operário colocou placa de “propriedade privada”. Foto: DR

Eduardo Fernandes, enquanto autarca local, aproveitou para “apelar uma vez mais ao diálogo entre as partes em desacordo”, o que, segundo o mesmo eleito, “não se compadece com o quero, posso e mando, que durante esta tarde se viveu” naquele local “especialmente da parte do arquiteto vindo do Porto, que devia ser mais dialogante, enquanto a Câmara Municipal de Braga não se pronunciar”.

A vedação a ser colocada atrás do infantário da Ponte Pedrinha. Foto: DR

“Aquilo que mais me preocupa é a tapagem parcial da saída de emergência do infantário, na Ponte Pedrinha, bem como todas as limitações impostas à senhora que está em cadeiras de rodas e diariamente se desloca através de ambulância de passageiros para um centro de dia, mas os transtornos são muitos e para todos os muitos moradores da zona”, acrescentou aquele autarca.

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Barreira de cimento armado no acesso da idosa em cadeira de rodas. Foto: DR

Segundo foi relatado a O MINHO por uma das moradoras lesadas com a situação, Lúcia Barbosa, residente na Rua Manuel Ferreira de Araújo, nas imediações da Padaria de Dume, de Lomar, “esta zona que é pública, onde existem equipamentos para a prática desportiva, onde passa a via partilhada pedonal e de ciclovia, além do infantário, está agora completamente vedada”.

A rua empedrada das garagens também foi barrada esta tarde. Foto: DR

“Repare-se que o terreno em causa, mesmo provando-se cabalmente ser propriedade do senhor Manuel Azevedo, não tem ali qualquer tipo de capacidade construtiva, poderá haver uma eventual solução, isso não sei, apenas sei que só com o diálogo na Câmara Municipal de Braga se poderá resolver a situação a contento de todos e com paz social”, salientou Eduardo Fernandes.

A placa de propriedade privada foi colocada na Ponte Pedrinha. Foto: DR

Entretanto, outros moradores, que pediram anonimato, por recearem eventuais represálias, explicaram a O MINHO que “tudo já começou em outubro do ano passado, quando um senhor, Manuel Azevedo, comprou um terreno aqui atrás, pensa-se que através de um leilão bancário, pela internet, pelo que não saberia bem que afinal uma parte deste espaço é de usufruto público”.

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O MINHO tem tentado chegar à fala com o proprietário do terreno, Manuel Azevedo, de Braga, o que não foi possível, porque quando a situação foi conhecida publicamente já não se encontrava na zona da Ponte Pedrinha, nem por contacto telefónico posterior. Não foi possível também obter a versão do arquiteto Manuel Alves.

 
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