Braga: Falso agente julgado por burlar 5 jogadores de futebol

Está acusado de 11 crimes
Foto: DR

O Tribunal de Braga vai julgar, hoje, um suposto “empresário de futebol”, da cidade, que terá burlado cinco jovens futebolistas, com falsas promessas de trabalho, cobrando-lhes 15.395 euros.

Luís Gonzaga, de 49 anos, de nacionalidade angolana, está acusado de 11 crimes: burla qualificada, falsificação de documento (três), usurpação de funções, auxílio à imigração ilegal, e burla relativa a trabalho e emprego (cinco).

A acusação diz que o primeiro jovem a ser burlado foi um cidadão luso-francês, de nome Allan, hoje com 24 anos, e que em 2020 residia em França, sendo taxista e futebolista amador. E que tinha o sonho de se tornar profissional.

Em setembro, um familiar disse-lhe que conhecia alguém que o podia ajudar a encontrar um clube em Portugal, no caso, o arguido, conhecido por ser ex-jogador profissional e agente de atletas e que organizava jogos em Braga para aspirantes a profissionais, jogos que eram vistos por ‘olheiros’ de clubes.

Allan veio a Braga e encontrou-se com o ’empresário’, tendo começado a viajar para Portugal aos fins de semana. Após alguns treinos, o arguido terá concluído que não tinha a qualidade necessária para ser contratado como profissional. Apesar disso, “para o manter iludido”, disse-lhe que estava impressionado com as suas qualidades, pelo que o iria ajudar.

Então, desafiou-o para ir treinar num clube em Vieira do Minho, com vista a celebrar um contrato de trabalho desportivo, o que aceitou. Contudo, apercebeu-se de que era um clube amador, inferior aquele onde jogava em França. E que não lhe podia pagar nada.

Colocava-o num clube, se pagasse

Aí disse ao arguido que não podia abandonar o trabalho em França para jogar em Portugal sem nada receber, e este ‘explicou-lhe’ que o poderia colocar, se pagasse, num outro, tendo indicado o Vitória SC, o Desportivo de Fafe e o Varzim Sport Clube, clubes onde tinha contactos.

Dias depois, disse-lhe que o colocaria no Varzim, – que militava na II Liga – a treinar, com a condição de entregar 12 mil euros. O jovem disse que ia arranjar o dinheiro, mas o arguido, na semana seguinte, começou a telefonar-lhe, pedindo-lhe a verba, para tratar dos documentos.

Vendeu, então, uma mota sua e enviou cinco mil euros a um primo português que os entregou ao arguido, referindo que pagaria o resto quando começasse a jogar.

Luís Gonzaga insistiu para que desse mais mil ou dois mil euros, tendo Allan entregado mais mil, quando veio para Portugal, com a promessa de que iria para o Varzim.

No entanto, e como apanhou covid-19, esteve confinado por duas semanas. Em outubro, o arguido convidou-o para um hotel de Braga para assinar o contrato, o que fez, na companhia do pai, embora estranhando que o ato não decorresse no clube. O contrato era – diz a acusação – falso, apesar de ter carimbo.

Acabou por ir treinar para a equipa B, mas sem os mesmos direitos dos colegas, pelo que pediu explicações ao treinador e dirigiu-se ao Sindicato dos Jogadores, perguntando se o seu contrato era válido. Ficou, então, a saber que não se encontrava registado na Liga Portuguesa de Futebol Profissional. E protestou com o arguido, mas voltou a França sem o dinheiro

Outras vítimas no Brasil

A acusação diz, ainda, que Luís Gonzaga atuou em conluio com três empresários no Brasil – que o MP não conseguiu encontrar – e que terão aliciado quatro outros jovens atletas, prometendo-lhes salário de 950 a mil euros mensais. Para tal, entregavam-lhes verbas que iam dos 1.500 a 2.500 euros mensais. Chegados a Portugal, por vezes sem ninguém à espera no aeroporto do Porto, eram ‘enfiados’ num hostel de Braga à espera de irem treinar num clube da região, no caso, o Ribeirão 1968 Futebol Clube, de Famalicão, – de que se dizia diretor-geral – o que nunca sucedeu. E assinavam ‘contrato’, o qual servia para que o SEF os deixasse entrar no país no aeroporto. O clube em causa de nada sabia.
Um dos jovens, António Souza, ex-Palmeiras, esteve três meses abandonado pelo empresário no hostel, tendo acabado por nele trabalhar para poder dormir e ido para a construção civil. Situação que se repetiu com os outros quatro.

Três ‘sócios’ no Brasil

A acusação diz, ainda, que terá atuado em conluio com dois empresários do Brasil, Djalma Luís Galhardi e José Leopoldo Maciel e Edson Sobral Júniro – sócio da empresa Seven Sporting- Assessoria e Consultoria, Lda.

Após convencimento das vítimas eram-lhes cobradas quantias que iam dos 800 aos 2.500 euros para assinarem os tais contratos desportivos de trabalho. Como não conseguiu descobrir o seu paradeiro, o MP extraiu uma certidão, para que sejam investigados em separado.

Os alegados crimes foram investigados pela antiga delegação de Braga do SEF Serviço de Estrangeiros e Fronteiras), que descobriu que o arguido usava um Bilhete de Identidade Português falsificado e exercia a atividade de agente de futebol, sem estar registado para tal.

 
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