A Delegação de Braga da Cruz Vermelha Portuguesa inaugurou na tarde deste domingo a sua nova sede, no centro da cidade de Braga, onde instalará agora todas as suas valências, na carismática casa-mãe, no palacete situado na Avenida 31 de Janeiro.
No mesmo dia em que a Cruz Vermelha Portuguesa assinala o 159.º aniversário, o presidente da sua direção nacional, António Saraiva, presidiu à inauguração das suas novas instalações, ladeado pelo presidente da Delegação de Braga, Armando Osório.
No seu discurso, Armando Osório, há doze anos em funções, destacou que há doze anos, quando a sua direção assumiu funções, “encontrou já um trabalho significativo com a juventude, as minorias étnicas, os sem abrigo, as crianças e os idosos, para além da nossa Estrutura de Emergência Operacional, que recentemente atingiu 40 anos de relevantes serviços”.
Armando Osório agradeceu também “a disponibilidade dos arquitetos António Coutinhas e Sónia Oliveira, pela oferta deste projeto, um generoso contributo”, assim como “o espírito solidário do senhor José Correia, que executou a obra aos mesmos preços fixados em 2019, apesar de uma subida extraordinária dos custos, às portas de uma pandemia, seguida do eclodir da guerra na Europa”.
Uma visita guiada às novas instalações proporcionou aos beneméritos conhecerem a profunda reformulação da sua estrutura, construída a custos controlados pela JC Group, cujo universo empresarial tem sede em Braga e fez ainda um donativo à CVP.
O arcebispo primaz de Braga e das Espanhas, José Cordeiro, foi outra das individualidades presentes na inauguração, assim como o arcebispo emérito Jorge Ortiga, a par de autarcas locais e de muitos dos beneméritos que tornaram possível a obra.
Durante a cerimónia, foram homenageados os colaboradores com mais de 20 anos de serviço – dois voluntários e onze profissionais – e também quem mais se destacou na vida da Delegação de Braga da Cruz Vermelha Portuguesa, enaltecendo-se todos aqueles que diariamente estão no terreno a apoiar.
Armando Osório recordou quando há pouco mais de uma década, a Delegação de Braga da Cruz Vermelha Portuguesa “tinha uma situação económico-financeira próxima da insolvência”, tendo sido, entretanto, suprir tal estado de coisas, sendo que “a partir do ano de 2012 a Delegação de Braga nunca mais fechou qualquer ano económico com défice”.
“As dívidas acumuladas foram reestruturadas e pagas, tudo isto sem prejuízo do trabalho que vinha sendo prestado”, salientou Armando Osório, destacando que tal desiderato foi possível apesar de o nosso orçamento ter duplicado, sem que os custos com recursos humanos não aumentassem mais de 30 por cento, embora o número de valências quase tenha duplicado”.
Ainda segundo o presidente da Delegação de Braga da Cruz Vermelha Portuguesa, “centenas de pessoas e de empresas nunca nos disseram não a um pedido de ajuda, as sociedades são sempre solidárias para com quem trabalha em prol dos outros, com transparência na sua ação, aliás, a preocupação permanente de sermos transparentes pautou-nos sempre”, tendo havido uma comissão de acompanhamento dos custos da obra sob a presidência do professor doutor Carlos Bernardo, da Universidade do Minho.
O presidente da Cruz Vermelha Portuguesa, António Saraiva, para além da questão protocolar, fez questão de vir hoje a Braga, para agradecer todo o trabalho diário, dos profissionais e voluntários, na Delegação de Braga, em prol dos mais necessitados.
A inauguração, na tarde deste domingo, foi o culminar de quatro anos de trabalho e esforço para renovar a sede, das mais belas casas apalaçadas de Braga, originalmente adquirida em 1979 pelo então presidente da Delegação de Braga, Pimenta Fernandes.
O edifício está agora dotado dos melhores meios para apoiar todos os que procuram a Cruz Vermelha Portuguesa e nas novas instalações funcionarão os serviços transversais da delegação, tendo sido enaltecido o apoio do CEO da JC Group, José Correia, bem como do diretor das duas fases da obra (a demolição e a construção), engenheiro civil Nélson Borges, por parte do presidente da Delegação de Braga da Cruz Vermelha Portuguesa, Armando Osório.
“Creio que a cidade de Braga em geral e esta Avenida 31 de Janeiro em particular ficam embelezadas com este edifício, construído no início do século passado e agora sujeito a esta excelente recuperação”, acrescentou ainda Armando Osório.
Entre os serviços, há a Estrutura Operacional de Emergência, o Serviço de Apoio Domiciliário, a Escola de Socorrismo, os Serviços de Atendimento e Apoio Social, Gabinete de Inserção Profissional e Departamento de Juventude da Cruz Vermelha.
A inauguração foi um momento simbólico e formal, a fim de dar início a um processo paulatino de mudança para as novas instalações, que acontecerá no primeiro semestre do ano, revelou a O MINHO o presidente da CVP de Braga, Armando Osório.
As novas instalações irão também ter salas de formação adaptadas às exigências dos dias de hoje e que estarão à disposição da comunidade, ainda de acordo com o mesmo responsável, Armando Osório, a cujos mandatos ficará assinalada a nova sede.
159 delegações no 159º aniversário
Curiosamente, aquele que é a maior instituição mundial humanitária, assinala este domingo o seu 159º aniversário, o da Cruz Vermelha Portuguesa, tendo exatamente o mesmo número de delegações, isto é, 159, instaladas em todo o território nacional.
A Cruz Vermelha Portuguesa, é presidida, desde 17 de julho de 2023, por António Saraiva, que até pela sua formação enquanto empresário referiu a O MINHO ser a sustentabilidade da organização uma das suas principais preocupações na gestão da CVP.
“Nós somos uma entidade sem fins lucrativos, mas isto não quer dizer obviamente termos de ser uma entidade com prejuízos acumulados, por isso a sustentabilidade da organização é importante, a gestão desafiante num momento em que os pedidos de apoio têm aumentado”, explicou a O MINHO António Saraiva, que está a colocar a sua experiência de vida ao serviço da CVP.
Segundo António Saraiva, “em 2022, a Cruz Vermelha Portuguesa duplicou as ajudas prestadas em 2021 e em 2023 ainda aumentou esse valor, pois os pedidos de ajuda têm subido e por isso estamos a avaliar várias campanhas que vamos desenvolver de captação de donativos, ao mesmo tempo que procuraremos obter novas receitas, pensando sempre no futuro da instituição”.
CVP fez 60 mil transportes urgentes em 2023
Em 2023, a Cruz Vermelha Portuguesa realizou o transporte urgente de 60 mil pessoas, auxiliando 7.378 vítimas de violência doméstica e apoiou 2817 idosos, em ambas as valências através de teleassistência, como revelou António Saraiva a O MINHO.
Sem nunca descurar o seu trabalho de assistência pré-hospitalar e de socorrismo, a Cruz Vermelha Portuguesa tem dado muita atenção à área social, acolhendo migrantes e refugiados, sem-abrigo e com casas-abrigo para as vítimas de violência doméstica.
Por outro lado, dispõe de creches, para crianças, apoiando ao mesmo tempo as suas famílias, com o pagamento de rendas e faturas da água e luz, consultas médicas e todo o acompanhamento psicossocial, adaptando-se assim às necessidades hodiernas.
Em todo o país, a Cruz Vermelha Portuguesa dispõe de 2.834 profissionais, para além de mais de quatro mil voluntários, tendo duas escolas superiores, ambas vocacionadas para a atividade da saúde, com 1.945 alunos e proporcionando dez licenciaturas.
Além dos 2.834 colaboradores que fazem parte dos quadros da Cruz Vermelha Portuguesa, a CVP tem voluntários em várias áreas, mais concretamente 2.571 na emergência, 1.338 na área social e apoio geral e ainda 288 na Juventude da Cruz Vermelha.