ARTIGO DE OPINIÃO
Rui Manuel Marinho Rodrigues Maia
Licenciado em História, Mestre em Património e Turismo Cultural pela UMinho – Investigador em Património Industrial
A cidade de Braga é há longas décadas uma cidade sitiada pelo caos rodoviário, que torna a vida dos seus habitantes num verdadeiro calvário. A agremiar a toda essa parafernália de maleitas derivadas de uma fraquíssima fluidez rodoviária, juntemos a barafunda urbanística, levada a cabo nos últimos 50 anos por autarcas e governantes incompetentes, que mais não conseguem ver para além do horizonte curto sobre o qual recaem as suas políticas avulsas. Espaços verdes e ruas planeadas em função do número de habitantes, não passam de quimeras de um qualquer arquiteto sonhador, tudo se resume a um emaranhado de interesses que ofuscaram e ofuscam os horizontes do porvir. Abandonada como nunca, a cidade cresce em população, mas não em qualidade, sobretudo do ponto de vista do seu ordenamento territorial. O trânsito tornou-se infernal em ruas esburacadas, mal projetadas, sufocadas pela falta de manutenção e alternativas.
Nó de Ínfias não desata
O Nó de Infias parece não desatar, bem como a execução de vias alternativas para o escoamento de trânsito que não carece de entrar na malha urbana, mas que forçosamente tem que o fazer. Enfim, pergunta-se o que fez este executivo e os anteriores a esse respeito? Nada, absolutamente nada de relevante, a não ser seguir a brisa leve e mansa de um pseudo progresso que não nos conduz a lado algum, mas que, à boleia de futebol, romarias e outros eventos, até parece existir. Outra situação tem que ver com a falta de marcação do piso, passadeiras que já não o são, linhas contínuas que deixaram de o ser, bermas que não existem, enfim, falta tinta para pintar as ruas, mas não para pintar a macaca e deixar seguir o circo. O Zé-Povinho vive esse dilema, o dilema do quero, posso e mando, dos que nos desgovernam, daqueles que elegeram, tantas vezes por partidarite e não por serem verdadeiros estadistas. O demérito, o ultraje constante ao mais elementar bom senso, as fortunas que se derretem do erário público por este país fora para alimentar oligarcas e oligarquias, chegariam e sobrariam para baixar a elevadíssima carga fiscal com que uma Assembleia da República parasita nos presenteia há quase 50 anos. Em muitas freguesias, como a de São Vicente, o tempo parou, nada mudou em décadas, a não ser o acumular de lixo e a desordem – em Real vislumbramos mais uma freguesia abandonada, tomada pelo lixo acumulado em torno de ecopontos, ruas, passeios e outras infraestruturas, e em muitas outras freguesias repetem o cenário dantesco, digno de países do terceiro mundo.
Lá vai o Zé para o pagode
Afinal, de camisa branca, cor da paz e da harmonia, o Zé lá vai para o pagode da noite branca, continuando a perpetuar nas urnas os mais incompetentes vendilhões da banha da cobra, enquanto a noite cai sobre um progresso que bruxuleia, como as luzes carinhosas que os estadistas colocam sobre o jazigo da República.