As grandiosas festividades em honra a Santo António, na freguesia de Tebosa, em Braga, que há cerca de dois meses corriam risco de nem sequer se realizarem, afinal decorrem em grande entusiasmo, desde sexta-feira até domingo, com o dobro dos andores.
Tudo porque os seis irmãos Fernandes, cinco mulheres e um homem, muito conhecidos em Tebosa e nas freguesias vizinhas, olhos de Ana Fernandes, mulher visionária, empreendedora e benemérita, arregaçaram as mangas e bateram a todas as portas, provando que a tradição ainda é o que era, num misto religioso e profano.
Fátima Fernandes Marques largou por instantes a azáfama para contar a O MINHO como conseguiram em apenas dois meses organizar festividades seculares e que agora mobilizam milhares de pessoas.







“Quando se começou a constar que este ano não havia festeiros para o Santo António, aqui em Tebosa, ficamos preocupados, mas no momento em que se confirmava que não havia sequer uma Comissão de Festas, nós então avançamos”, afirmou Fátima.
Segundo esta tebosense, “para além de não querermos deixar de assinalar o santo padroeiro da nossa freguesia, nós já tínhamos a consciência que se este ano não se fizesse a festa, poderia decair o entusiasmo e nos próximos anos não haver as festividades”.
“Por isso, foi só meter mãos à obra, percorrer Tebosa e as freguesias vizinhas, com o apoio do povo e dos nossos empresários, toda a gente nos ajudou muito, tendo conseguido constituir doze andores, quando costumam ser seis ou sete”, salientou Fátima.
A memória de Ana Fernandes
Para o êxito desta iniciativa dos Irmãos Fernandes, que no dizer do povo tebosense, “não deixou ‘cair’ o Santo António”, teve o prestígio da família Fernandes, em Tebosa em particular e em Braga em geral, alicerçado com a memória de Ana Fernandes.
Esta “santa mulher”, Ana Fernandes, como é evocada, era uma mulher visionária, muito à frente do seu tempo, que para além de ser comerciante, dedicava-se a todas as causas sociais de Tebosa e das redondezas, não precisando, sequer, de ser solicitada.
Fátima recorda que “a minha mãe era muito dada a ajudar, bastante dinâmica, que fazia bonequinhas, para as crianças, quando as posses de muitos ainda eram muito poucas, fazendo o bem sem olhar a quem, por isso há muita gente que se lembra dela”.
Com um programa de arromba
O programa do Santo António de Tebosa, festividades que se realizam em redor da conhecida capela erigida no ano de 1970, tem o seu ponto alto na noite deste sábado com a atuação do Conjunto Bandarte, a partir das 22 horas, seguindo-se a tradicional sessão de fogo de artifício, por volta da meia-noite, sempre com muita animação, como já aconteceu ao longo de todo este dia.
Mas o dia grande será amanhã, domingo, iniciando-se com a missa a partir das 11 horas a celebrar pelo cónego Manuel Joaquim, seguindo-se, da parte da tarde, a começar logo pelas 16 horas, o Terço e a Grandiosa Procissão, acompanhada pelos Escuteiros de Jesufrei e pelo Grupo Folclórico de Macada de Vimieiro, da freguesia vizinha de Santana do Vimieiro, em Braga.
As festividades começaram já esta sexta-feira, o Dia de Santo António, com a tradicional missa das 22 horas, após os profanos Cantares ao Desafio de Maria Celeste e de Carlos Ribeiro, juntando muita gente de Tebosa e de outras freguesias do sul do concelho de Braga, numa zona confinante com o concelho vizinho de Vila Nova de Famalicão, onde Santo António é padroeiro.
Durante esta sexta-feira, o vereador João Rodrigues, da Câmara de Braga, visitou as festividades santantoninhas, acompanhado do presidente da Junta de Freguesia de Tebosa, Joaquim Coelho, entre as individualidades do concelho de Braga.
A freguesia de Tebosa, cujas primeiras referências escritas remontam a 1081, quando era designada Vila de Tevolosa, com a origem latina de tábua, referente às suas pontes em madeira, tendo pertencido ao Julgado Medieval de Penafiel de Bastuço, só que em 1220 retomou ao concelho de Braga, mas em 1839 passou para Barcelos, tendo voltado ao concelho de Braga em 1852.