O Município de Braga poderá receber em 2025 o primeiro Encontro Internacional do Caminho de Santiago, com o objetivo de divulgar e promover a importância, em diferentes vertentes, dos itinerários jacobeus, em que assume uma posição única na Península Ibérica, foi hoje anunciado.
A proposta foi apresentada este sábado, dia 23, pelo presidente da associação fundadora do Caminho da Geira e dos Arrieiros (ACJMR/Plataforma Berán no Caminho), Abdón Fernández, durante a tertúlia “Braga a Caminho de Santiago – O futuro do Caminho”, organizada pela Associação Espaço Jacobeus na Quinta Pedagógica de Braga, com o apoio do município.
“A criação de um Encontro Internacional do Caminho de Santiago pretende ser uma referência que realce as ligações históricas entre as duas cidades, em que Braga pode ser também um ponto de celebração de uma das ideias mais importantes do Caminho de Santiago, a de que temos de relacionar-nos como seres humanos”, defendeu Abdón Fernández.
“A ideia, que partilho com Carlos Ferreira [delegado em Leiria da Associação Espaço Jacobeus], é que sirva para divulgar os distintos caminhos, experiências, que seja de interesse cultural e espiritual, mas também económico e turístico, com a presença de delegações internacionais”, adiantou.
A realização de um encontro deste género em Braga justifica-se por ser a cidade de origem ou de passagem de cinco itinerários jacobeus reconhecidos pela Igreja e/ou por Galiza e Portugal: Caminho da Geira e dos Arrieiros, Caminho Central, Caminho de Torres, Caminho de São Rosendo e Caminho Minhoto Ribeiro.
“Poucas cidades haverá na Europa onde isto aconteça”, referiu o presidente da Plataforma Berán no Caminho (Concelho de Leiró, na Galiza), destacando o papel histórico de Braga como “capital espiritual da Península Ibérica e a sua mais do que evidente ligação a Santiago de Compostela”.
O adjunto do presidente da Câmara de Braga, António Barroso, também presente no encontro, referiu que “o desafio lançado está adquirido, porque de alguma forma já se falou dele”, realçando: “Eu entendo que faz todo o sentido”. Assim, propôs que se trabalhe para que “em 2025 se faça em Braga um grande encontro internacional de associações e de tudo o que esteja relacionado com o Caminho de Santiago”, e que o “trabalho de casa” se inicie entretanto.
“A organização deste encontro, que poderá ser bienal, tem de ser coordenada e obter o apoio do outro lado da fronteira, nomeadamente do Governo galego. Se Espanha não estiver representada, podemos acolher outros países, mas não funciona, como é óbvio. E temos de trabalhar de igual modo a nível nacional. Mas temos todo o gosto e estamos abertos a fazê-lo”, frisou o adjunto do presidente da Câmara de Braga.
O presidente da Associação dos Amigos do Caminho Português, Celestino Lores, reforçou a ideia da importância histórica de Braga e da sua ligação a Santiago, apoiando a realização do encontro internacional: “é uma das cidades importantes em Portugal, até porque já existia antes de Santiago e deve recuperar a sua posição nas peregrinações”.
No âmbito mais concreto da tertúlia, o presidente da Associação Espaço Jacobeus (AEJ), António Devesa, analisou as mudanças registadas na última década. À espiritualidade inicial do Caminho de Santiago acresceram novos interesses, como os dos chamados “turigrinos”, e o aumento do número de caminhantes, gerando mais necessidades que precisam de respostas.
A segurança é uma delas e, neste contexto, o presidente da AEJ elogiou o trabalho das forças policiais portuguesas (PSP E GNR) “pela atenção que estão a dar aos peregrinos no caminho”.
Por outro lado, realçou as dificuldades cada vez maiores das associações na assistência aos peregrinos e na manutenção dos caminhos, até por imposições legais que resultam da sua certificação. Por isso, pediu o apoio das autarquias “para que possam continuar a desempenhar o seu papel de servir, de cada um dos voluntários dar um pouco de si”.
Um protocolo a assinar, em breve, entre a Câmara de Braga e a AEJ, em que a associação – segundo a autarquia – “será a guardiã dos caminhos e promotora de iniciativas, que talvez seja um exemplo a replicar pelo pais”, poderá ser a solução para algumas das questões levantadas por António Devesa.