Centenas de bombeiros sapadores fardados ocupavam hoje às 13:00 as escadarias da Assembleia da República, em Lisboa, enquanto a polícia formava um cordão à entrada do parlamento.
À mesma hora, chegavam reforços da Unidade Especial de Polícia da PSP.
Ao fundo da escadaria, os manifestantes incendiaram vários pneus e queimaram um fato de trabalho dos bombeiros.
O rebentamento de vários petardos marcou o início da manifestação, um protesto ruidoso que começou ao meio-dia com latas de fumo e ao som de heavy metal e rock n’roll.
Cerca de 20 minutos depois, alguns bombeiros, fardados, forçaram a subida da escadaria da Assembleia da República.
Apesar da ordem policial para descerem, os bombeiros continuaram a formar e a libertar fumos de foguetes, acabando por se sentar nos degraus.
Às 12:30 cantaram o hino nacional, depois de terem gritado uma única palavra de ordem: “Sapadores”.
Em declarações à Lusa, o presidente do Sindicato Nacional dos Bombeiros Sapadores, Ricardo Cunha, afirmou que não estava prevista esta forma de protesto.
Acrescentou, no entanto, que a organização esperava mais de mil bombeiros na ação de protesto: “Só de fora [de Lisboa] vêm 600”.
A manifestação é promovida pelo Sindicato Nacional dos Bombeiros Sapadores (SNBS).
“Os bombeiros sapadores reivindicam acertos salariais para compensar o aumento da inflação, conforme foi atribuído às demais carreiras da função pública”, disse o presidente do SNBS, Ricardo Cunha, citado num comunicado.
O dirigente lembrou que “existiu um compromisso do anterior Governo” para atribuir a compensação aos bombeiros “com retroatividade a janeiro de 2023, mas, “até à data, tal não aconteceu”.
Ricardo Cunha considerou que os bombeiros sapadores terão “ficado fora desses acertos salariais, por serem uma carreira especial da função pública não revista”.
O SNBS pede ainda “a regulamentação da carreira, onde sejam contemplados os suplementos de risco, penosidade e insalubridade, bem como a disponibilidade permanente, em percentagem e à parte do vencimento”.
Também é exigido um horário de trabalho “a nível nacional que garanta a operacionalidade e a segurança dos bombeiros e daqueles que por eles são socorridos”.
“Em Portugal, os bombeiros sapadores não chegam a três mil profissionais [em 25 municípios] e (…) estas medidas não serão um peso para o Orçamento do Estado, porque estamos a falar numa possível despesa anual inferior a 10%, comparativamente com aquilo que o Governo atribuiu às forças de segurança”, sustentou.
Em 05 de setembro, Ricardo Cunha havia dito à Lusa que “a manifestação tem como objetivo mostrar que os bombeiros sapadores não estão contentes com o Governo, que faltou à palavra”.
O sindicalista referiu que os bombeiros sapadores exigem um aumento salarial para compensar a subida da inflação, idêntico ao que foi dado em 2023 pelo anterior Governo aos polícias, de cerca de 100 euros.