O Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda questionou o Governo, esta sexta-feira, sobre o atraso no pagamento do salário do mês de dezembro aos trabalhadores da fiação do grupo têxtil Somelos, com sede em Ronfe, Guimarães.
Os deputados eleitos pelo circulo eleitoral de Braga, José Maria Cardoso e Alexandra Vieira, pretendem conhecer os relatórios das intervenções da Autoridade para as Condições do Trabalho e se o Ministério do Trabalho e Segurança Social vai tomar medidas para garantir os direitos destes trabalhadores.
No documento entregue na Assembleia da Pública, os deputados afirmam que “esta situação cria dificuldades à vida destes trabalhadores e trabalhadoras, havendo inclusivamente casos dos dois elementos do casal estarem com os salários em atraso, colocando graves problemas ao cumprimento dos compromissos assumidos por estas pessoas, nomeadamente o pagamento da renda e das prestações do créditos à habitação”.
Os bloquistas referem ainda que “ao longo do tempo, o Grupo Somelos tem vindo a demonstrar muitas dificuldades e várias empresas do conglomerado já recorreram a Planos Extraordinários de Recuperação (PER), algumas delas mais do que uma vez” e registam “o desinvestimento na área produtiva, principalmente na fiação”.
“O agravamento das condição sociais destas famílias exige intervenção urgente do Governo e da Autoridade para as Condições do Trabalho para a reposição da legalidade, designadamente o pagamento dos salários em atraso”, concluem.
Trabalhadores da fiação em greve
A dirigente do Sindicato do Vestuário, Confeção e Têxtil da Região Norte Elisabete Costa afirmou que os trabalhadores estão dispostos a continuar a jornada de luta “até que tudo seja pago”.
Segundo a sindicalista, que referiu que o subsídio de Natal “está em dia”, a empresa apresentou uma proposta para pagar “de forma faseada” o montante em falta, que não foi aceite pelos trabalhadores.
“Os trabalhadores querem que seja tudo pago de uma vez e uma vez que o pré-aviso de greve é por tempo indeterminado, eles estão dispostos a continuar a greve”, disse.
Os trabalhadores estiveram, na quinta-feira, reunidos em frente à empresa e, segundo apontou Elisabete Costa, pretende reunir-se no início de cada turno.
“Eles estão dispostos a continuar. Estamos a falar de trabalhardes que ganham, na sua maioria, o salário mínimo nacional e precisam daquele dinheiro, “disse.
A Somelos foi fundada em 1958, dedicando-se à produção de fios e, posteriormente, à produção de tecidos de algodão. Em 1971 a empresa mudou seu nome para Indústrias Têxteis Somelos S.A e se transformou em uma corporação.