Bispo de Beja defende “perdão” dos padres suspeitos de abusos: “Todos somos pecadores”

João Marcos diz que não se deve “desvalorizar” o arrependimento

O bispo de Beja afirmou que os padres suspeitos de abusos sexuais podem ser perdoados. Em entrevista à SIC, emitida esta terça-feira, João Marcos lembrou que “todos somos pecadores”.

“Todos somos limitados, todos temos falhas. Esta maneira de abordar não é muito católica. Na Igreja Católica, existe o perdão”, disse.

Para o bispo, o “perdão” é possível no seio da Igreja caso os sacerdotes demonstrem arrependimento.

“Se realmente as pessoas estão arrependidas do que fizeram, se fizerem a penitência e repararem o que fizeram. Se há este novo nascimento, que o perdão nos oferece, isso é importante. Não podemos desvalorizar isso”, explicou João Marcos.

E acrescentou: “A justiça é como que a estrutura que segura, que dá firmeza, a este edifício que é a caridade, que é o perdão, que é a misericórdia”.

A Comissão Independente para o estudo dos abusos sexuais na Igreja Católica validou 512 testemunhos, apontando, por extrapolação, para pelo menos 4.815 vítimas. Vinte e cinco casos foram enviados ao Ministério Público, que abriu 15 inquéritos, dos quais nove foram arquivados.

Os testemunhos referem-se a casos ocorridos entre 1950 e 2022, o espaço temporal abrangido pelo trabalho da comissão.

No relatório, divulgado em fevereiro, a comissão alertou que os dados recolhidos nos arquivos eclesiásticos sobre a incidência dos abusos sexuais “devem ser entendidos como a ‘ponta do iceberg’” deste fenómeno.

A comissão entregou à Conferência Episcopal Portuguesa uma lista de alegados abusadores, alguns no ativo, tendo esta remetido para as dioceses a decisão de afastamento de padres suspeitos de abusos e rejeitado atribuir indemnizações às vítimas.

 
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