Os três homens de Barcelos acusados de terem comprado ao todo 25 automóveis, furtados em Espanha, mas que entravam no nosso país com as matrículas portuguesas falsas, negaram no seu julgamento, em Braga, que sabiam da sua proveniência ilícita.
Na sequência de um trabalho de sapa do Núcleo de Investigação Criminal (NIC) da GNR de Barcelos, os três homens e um quarto que está em prisão preventiva, foram detidos, como O MINHO noticiou, em 08 de abril de 2020, na zona de Barcelos.
Segundo o Ministério Público, Ricardo F., de 33 anos, entretanto a cumprir uma pena de prisão, mas por roubos a carrinhas de transporte de valores, obtia alguns carros, estando acusado de três crimes de recetação e um de falsificação de documentos.
Já quanto aos três arguidos de Barcelos, o Ministério Público refere que receberiam veículos furtados, para as respetivas peças e componentes serem usadas nas reparações da oficina e na venda da sucata, ambos propriedade do arguido Gilberto S..
Os irmãos Gilberto S. (38 anos) e Domingos S. (29 anos), a par de um funcionário do primeiro arguido, Filipe F. (28 anos), todos da zona de Vila Frescainha S. Pedro, em Barcelos, negaram em uníssono saberem à data que os carros eram furtados.
Um dos suspeitos, Gilberto S., dono de oficinas e de sucatas de automóveis, em Barcelos, como que questionou juízes: “Como podia desconfiar do Ricardo se me dizia que o pai dele era agente da PSP e, aliás, está agora aqui na sala de audiências?”.
Gilberto S. acrescentou “ser mentira que tivesse comprado carros furtados”. “Isto é, eu nunca soube, na ocasião, que os automóveis tinham sido furtados, pois caso contrário nunca os teriam comprado, através de ‘Zé Gordo’, eu confiei no Ricardo”, acrescenta.
GNR desmente e diz que todos sabiam bem da ilicitude dos seus atos
Essa versão foi desmentida pelos operacionais da GNR de Barcelos, demonstrando que os telefonemas intercetados e o modo de atuação de todos os arguidos “nunca deixaram margem para dúvidas que todos sabiam da ilicitude dos seus atos”.
Nas escutas telefónicas, autos de vigilâncias e de seguimentos, bem como nas buscas domiciliárias, a estabelecimentos e em veículos, por parte do NIC da GNR de Barcelos, o MP acusa agora o trio de Barcelos por 27 crimes de recetação de automóveis.
Os investigadores criminais do Destacamento Territorial da GNR de Barcelos, atuando em simultâneo nas buscas, apreenderam aos três arguidos, 25 automóveis, das marcas Mercedes-Benz, BMW, Audi, Volvo, Renault, Peugeot, Citroen e Mini Cooper.
Os três arguidos de Barcelos são defendidos pelos advogados Joel Duarte (Esposende) e Manuel Carvalho (Braga), enquanto o arguido de Gondomar, único que não prestou declarações, tem a sua defesa a cargo do advogado Tiago Melo Alves (Lisboa).