Aventureiro de Guimarães já chegou aos Balcãs

Ricky Odissey

Henrique Pereira, aventureiro de Guimarães, cruzou esta sexta-feira mais um estado, o seu nono, entrando na Croácia. Com esta passagem de fronteira, Ricky, como é conhecido, entra naquela que, historicamente, é uma das regiões mais problemáticas do mundo – os Balcãs -, onde vastas regiões de floresta o esperam com animais de todos os tamanhos e feitios, sobretudo ursos. Ao todo, já percorreu 5.550 quilómetros em 309 dias.

Nos próximos meses Henrique vai conhece a difícil geografia daquela região, outrora chamada de Jugoslávia, marcada por diversas guerras e pela liderança de Tito, ditador de influência comunista que mantinha os agora países dos Balcãs, como Kosovo ou Sérvia, unidos num só estado.

Mas outra das preocupações passa pela vasta região de floresta que terá de atravessar em diversos pontos daquela península que tem a Grécia ao fundo, com vista sobre o Mediterrâneo, mar que tem acompanhado Henrique ao longo dos últimos meses, e que espera voltar a ver para depois voltar a subir Norte pelo continente europeu em direção aos países bálticos.

Ao longo do último ano, Henrique Pereira escapou a tentativas de assalto, foi abalroado por viaturas, mal recebido por autoridades e muitas vezes dormiu nos locais mais inóspitos.

Foto cedida a O MINHO

Mas também conheceu momentos bastante positivos, ao ser recebido em casa por pessoas de coração aberto que não o conheciam, pelo apoio prestado por muitas entidades, incluíndo a polícia que o escoltou numa estrada complicada, ou até por um simples café pago ou um “olá” durante a viagem, que lhe conferem ânimo para concluir a epopeia.

Como O MINHO noticiou, em Itália, Henrique foi à audiência geral no Vaticano e conseguiu assistir à missa e até ver o Papa, mas este não o pode receber, para muita tristeza do minhoto.

Foto cedida a O MINHO

“Lamentavelmente não pude ser recebido pelo Papa, apesar dos esforços que fiz. Esperava a benção dele, mas pronto, continuamos com Deus no caminho”, sublinhou na altura a O MINHO.

Ao todo, Henrique já percorreu 5.550 quilómetros ao longo de nove estados: Portugal, Espanha, França, Mónaco, Itália, Vaticano, San Marino, Eslovénia e, agora, Croácia.

Foto cedida a O MINHO

Poucos apoios

A falta de apoios para esta viagem é notória. Henrique juntou um pé de meia que qualquer pessoa com menos de 30 anos e a trabalhar pelo salário mínimo numa fábrica consegue juntar, ou seja, quase nada, e se para já vai colmatando as necessidades, esta viagem terá a duração de 26.000km, e será circular, ou seja, regressa a  Guimarãestambém a pé. 

“Tenho um pequeno apoio da minha Junta de Freguesia, cuja bandeira levo por todos os países da Europa, mas não tenho mais nada, a Câmara de  Guimarães não me respondeu, a Decathlon a nível europeu ficou de me dar uma resposta depois da loja de Guimarães se oferecer para me patrocinar no equipamento. Mas era só a de Guimarães e isso não me serve para esta viagem, tem de ser a Decathlon a nível europeu”, explicou. 

Com os salários em Portugal, não dá para viajar

E porque é que Henrique está a retirar quatro a cinco anos da sua vida para andar por todos os países do continente europeu? “Eu não gosto de estar parado no mesmo sítio, gosto de aprender, conhecer cidades e culturas, mas com o salário em Portugal não dá para viajar, já é difícil evitar ir para debaixo da ponte, quanto mais viajar”, explicou. 

Como “estava farto de trabalhar por dois e receber por um, quatro meses antes de me despedir decidi ir dar a volta a Europa, que era algo que já estava na minha cabeça, mas o planeamento, aprender a sobreviver neste contexto, sobretudo em relação à vida selvagem, é algo pelo qual me interesso há pelo menos 2 ou 3 anos”, confidenciou. 

Mapa pela Europa tem perigos mortais

Henrique tem o mapa delineado, não só para evitar fazer mais quilómetros que os necessários mas também para tentar evitar ficar muito tempo longe da ‘civilização’, evitando dessa forma o risco de não ter acesso a água ou comida durante vários dias. 

Entrou em Espanha por Badajoz, e seguiu por Marbella, sempre pela costa, até Itália, passando por França.

“Em Itália vou a Turim, Milão e faço um desvio para ir a Roma, porque até é pecado estar em Itália e não ir a Roma (risos)”, disse o aventureiro.

Minas no Kosovo, ursos na Roménia e guerra na Ucrânia

Até aí, a viagem não será complicada. Mas o perigo adensa ao entrar numa das regiões mais conflituosas do atlas – os Balcãs -, onde teme encontrar minas abandonadas na região do Kosovo ou ser devorado por ursos na Roménia. O frio também será uma ameaça. Essa situação – dos ursos e do frio – voltará a repetir quando estiver na Finlândia, depois de passar pela Grécia, Turquia e subir no continente europeu através da Polónia e Bielorússia. “Vou tentar entrar na Ucrânia e ir a Kiev, mas não sei se será possível”.

Também quer ir à Rússia através da Finlândia, mas será outra incógnita que também só conhecerá desfecho “daqui a dois anos, sensivelmente”.

“A Rússia é o único pais que não sei se terei as portas abertas. Demoro mais ou menos dois anos a chegar lá e quero, pelo menos, tentar passar na fronteira de S. Petersburgo, na Finlandia. E também vou à Ucrânia, quero ir a Kiev e a Chernobyl”. 

Henrique espera ter mais pessoas a acompanharem a sua viagem, seja através do Facebook, Youtube, TikTok ou Instagram, e que alguma empresa, autarquia ou entidade ganhe a mesma coragem e apoie o “primeiro português de sempre a atravessar todos os países do continente europeu a pé”. 

Ajude o Henrique a chegar ao destino

Se quiser contribuir financeiramente para a viagem de Henrique Pereira, pode fazê-lo através dos seguintes canais:

GoFundMe: https://gofund.me/9cf3a8ae

MBWAY: 91 958 37 68

TB: Henrique Pereira

PT50.0036.0117.99100023136.64

 
Total
0
Partilhas
Artigos Relacionados
x