Quando falta cerca de um ano para as próximas autárquicas, há concelhos onde os candidatos disponíveis não se entendem com os partidos, levando a cisões que podem ditar que muitos acabem por se candidatar por movimentos independentes.
Em Barcelos, a Concelhia do PS escolheu, em votação interna, o seu líder, Domingos Pereira, para candidato nas autárquicas de 2017, em detrimento de Miguel Costa Gomes, presidente da Câmara desde 2009.
Em maio, Costa Gomes retirou todos os pelouros ao vereador Domingos Pereira, por alegada “deslealdade”, e a partir daí tem sido uma constante a troca de críticas e de acusações entre ambos.
Costa Gomes, no entanto, ainda não desistiu de ser o candidato socialista e já disse que o partido, “ao seu mais alto nível”, não quer a candidatura de Domingos Pereira.
Em Ponte de Lima, Víctor Mendes foi eleito pelo CDS em 2009, após a saída de Daniel Campelo. Em 2017, ano em que se preparava para se candidatar com normalidade a um último mandato, surgiu o deputado Abel Baptista e reivindicar para a concelhia que liderava a escolha do candidato. Desautorizado pela presidente do partido, Assuncção Cristas, a qual terá optado por manter Mendes, abandonou a Assembleia da República e todos os cargos no partido.
O também ex-vice-presidente da Câmara, ex-líder da Assembleia Municipal e candidato à Câmara de Monção em 2013, poderá anunciar a sua candidatura nos próximos dias ou semanas, especulando a imprensa local sobre uma candidatura que possa incluir o apoio de alguma força política, ou não.
Em Viana do Castelo, a Comissão Política Concelhia do PSD deixou, em setembro, de poder funcionar porque se demitiram sete dos seus 13 elementos.
A presidente da Concelhia, Ana Palhares, eleita em outubro de 2015, atribuiu a “responsabilidade desta crise” ao vice-presidente e ex-deputado Eduardo Teixeira, acusando-o de se “querer impor e forçar” como cabeça de lista àquela autarquia em 2017, acusação que Teixeira se escusou a comentar.
Este domingo Eduardo Teixeira ganhou as eleições e regressa a líder da estrutura local do partido à qual cabe indicar o candidato que irá concorrer contra José Maria Costa, presidente da Câmara que se irá recandidatar pela terceira – e última – vez em 2017.
Em Fafe, o atual presidente da Câmara, Raul Cunha, independente eleito pelo PS, desvinculou-se de uma recandidatura depois da vitória do antigo presidente da autarquia José Ribeiro nas eleições para a liderança do PS local, quando Raul Cunha tinha apoiado Pompeu Martins, o atual “número dois” da autarquia, para a estrutura partidária.
Já em Amares, o presidente da Câmara, Manuel Moreira, eleito pelo PS, admitiu que se poderá recandidatar ao cargo pelo PSD, depois de, em outubro de 2015, ter exonerado o seu vice-presidente, Jorge Tinoco, líder da Concelhia socialista, escolhendo para o seu lugar Isidro Araújo, que tinha sido o cabeça de lista da coligação PSD/CDS-PP.
Em Vizela, o ex-vice-presidente da Câmara, o socialista Vítor Hugo Salgado, já apresentou candidatura à liderança da autarquia, em maio.
“Eu avanço com esta candidatura e serei candidato à câmara municipal. Neste momento não posso registar se esta candidatura vai ter ou não o apoio de qualquer partido, em particular o apoio do PS”, afirmou na altura.
Vítor Hugo Salgado foi o número dois do executivo de maioria PS liderado por Dinis Costa. Os dois foram adversários numa disputa interna partidária para a escolha do cabeça-de-lista nas próximas autárquicas, numa eleição que foi favorável ao presidente da autarquia e da concelhia de Vizela dos socialistas. Após aquela disputa partidária, o presidente da Câmara retirou os pelouros, a confiança política e o regime de permanência ao até então vice-presidente do município de Vizela e responsável pela gestão financeira da autarquia.
Dois presidentes saem…
Dois os atuais presidentes de câmara estão impedidos de se recandidatarem ao mesmo município por terem atingido o limite de três mandatos seguidos permitidos pela lei: um do Partido Socialista (PS), outro do Partido Social Democrata (PSD).
Em Ponte da Barca, no distrito de Viana do Castelo, Vassalo Abreu (PS) terá de abandonar o lugar após 12 anos à frente do município.
Em Póvoa de Lanhoso, distrito de Braga, Manuel Batista (PSD) encontra-se na mesma situação.
…dez completam mandatos de estreia
Em Guimarães, Domingos Bragança (PS) irá encontrar novamente o mesmo adversário das primeiras eleições em que foi candidato, em 2013.
André Coelho Lima, vereador da Coligação Juntos Por Guimarães, já tem até candidato escolhido para a Assembleia Municipal. Com pompa e circunstância, o ex-ministro da Defesa, José Pedro Aguiar Branco, anunciou a sua candidatura a esse cargo durante um discurso no último Congresso Nacional do PSD, no início de 2016, em Espinho.
Em Braga e em Famalicão, dois municípios liderados pelo PSD, em coligação com o CDS – e, no caso de Braga, também com o PPM – o Partido Socialista ainda não mostrou qualquer sinal sobre o futuro candidato à Câmara. Ricardo Rio e Paulo Cunha aparentam ter de um nível de popularidade elevado entre os eleitores.
No bastião social-democrata do Alto Minho, um pouco como nos dois concelhos anteriores, o trabalho do presidente João Esteves parece merecer aprovação geral dos eleitores de Arcos de Valdevez. PS e CDS locais ainda não apresentaram os seus candidatos.
A um ano das eleições, são praticametne nulas as especulações que no início do mandato davam como possibilidade o regresso do dinossauro Francisco Araújo à corrida à Câmara em 2017, depois de em 2013 ter atingido o limite de mandatos e passado a pasta ao atual presidente, até então seu chefe de gabinete.
Em 2013, o socialista Miguel Alves roubou a Câmara de Caminha ao PSD, autarquia até então liderada por Júlia Paula Costa, a quem sucedeu o seu ex-‘vice’ Flamiano Martins como candidato, depois de a autarca ter atingido também ela o limite de três mandatos consecutivos no mesmo município.
A vereadora Liliana Silva, eleita líder da concelhia do PSD logo após as autárquicas de 2013, tem sido o rosto da oposição.
Em Monção, os eleitores vão ter a oportunidade de clarificar o empate entre Augusto Domingues (PS) e António Barbosa (PSD), que em 2013 ficaram separados por apenas 3 (três) votos na contagem final. As eleições podem vir a ser decididas pelos votos dos eleitores que não costumavam votar CDS mas que, em 2013, transformaram o resultado da candidatura de Abel Baptista no concelho numa provável exceção.
Francisco Alves, que em 2015 substitui Serafim China Pereira, que se demitiu de presidente do município de Cabeceiras de Basto, vai candidatar-se pela primeira vez em 2017.
António Cardoso (PSD, Vieira do Minho), Fernando Nogueira (PS, Cerveira), Vítor Paulo Pereira (PS, Paredes de Coura) e Manoel Batista (PS, Melgaço), os três a finalizarem primeiros mandatos, e António Vilela (PSD, Vila Verde), Jorge Mendes (PSD, Valença), Joaquim Mota e Silva (Celorico de Basto, PSD), Joaquim Carcél Viana (PS, Terras de Bouro), que em 2017 se apresentam às terceiras eleições, são os outros oito candidatos dos 24 concelhos que compõe o Minho.
2017 pode marcar regresso de “dinossauro”
As eleições autárquicas de 2017 podem ditar o regresso de autarcas históricos (ou não).
Em Esposende, João Cepa, que foi presidente da Câmara durante 15 anos, sempre eleito pelo PSD, admitiu que se poderá candidatar em 2017, depois de em 2013 não o ter podido fazer devido à lei de limitação de mandatos.
O atual presidente da Câmara é Benjamim Pereira, também do PSD e ex-vice de João Cepa, mas este diz que não se revê na atual gestão do município e, por isso, admite candidatar-se, ou como independente ou por um “pequeno partido”, devendo tomar uma decisão até ao final do ano.
Fique a par das Notícias das Autárquicas 2017. Siga O MINHO no Facebook. Clique aqui