O presidente da Câmara lamentou que os elementos da equipa de segurança que assegura a vigilância exterior do Centro de Vacinação, contratada pelo município a pedido das autoridades sanitárias, não tenham autorização das autoridades de saúde para aceder ao interior do mesmo e à parte onde estão guardadas as vacinas.
Paulo Cunha considera que, se os seguranças pudessem aceder a esse espaço, poderia ter sido evitada a inutilização de 3.500 vacinas contra a covid-19, número que o coordenador da ‘task force’, Henrique Gouveia e Melo, diz ser de 2.400.
O autarca espera que os acontecimentos levem à mudança de procedimentos.
Paulo Cunha explicou que houve “uma falha energética entre as 22:45 de ontem e as 08:00 de hoje. “Só ao início da manhã, quando tudo ia recomeçar, é que os serviços se aperceberam que houve uma falha energética que levou à inutilização das vacinas ali armazenadas”, aponta o presidente da Câmara, acrescentando que a falha energética apenas se registou na parte onde estão armazenadas as vacinas, instalada num complexo cedido às autoridades de saúde pela autarquia.
Está em curso um inquérito por parte da autarquia e das autoridades de saúde.
Paulo Cunha admitiu que “há uma perda de capacidade de vacinação que esperemos que seja brevemente restabelecida” e, para já, “será dada preferência à segunda toma”.
“Terá como consequência o retardamento de algumas primeiras tomas”, adiantou.
Questionado sobre a possibilidade de ter havido algum tipo de sabotagem, o presidente da Câmara de Famalicão escusou-se a usar a palavra, mas admitiu “que algo de muito estranho aconteceu”.
O autarca revelou que o município instalou um gerador para salvaguardar uma eventual falha energética do complexo, sublinhando que a falha de energia ficou “circunscrita” ao espaço onde estão armazenadas as vacinas.
“Nós colocámos lá um gerador que assegura, no mínimo, duas horas de energia em caso de falha energética. Mas para isso é preciso que quem vigia tenha noção de que houve uma falha de energia. Em todo o edifício havia energia, a energia só faltou naquele espaço [onde estão as vacinas]. Quem faz a vigilância não sabe se no espaço onde não tem acesso há ou não energia, porque ele não tem acesso ao espaço”, afirmou Paulo Cunha.
O autarca espera que “este incidente” leve as autoridades de saúde a mudar procedimentos.
“Espero que este incidente, de grandes repercussões, porque estamos a falar de uma matéria que é escassa, que são vacinas, faça com que as autoridades de saúde mudem este procedimento. Era suposto que houvesse mais confiança entre as várias instituições e se permitisse que a entidade que aloja o processo, no caso de vacinação, pudesse ter acesso àquilo que é mais importante que são as vacinas”, defende Paulo cunha.
O autarca, eleito pela coligação PSD/CDS-PP, critica o “clima de desconfiança” que diz existir entre as várias entidades.
“É lamentável que ainda hoje, no século XXI e em Portugal, haja um clima de desconfiança entre várias instâncias e que a instância nacional, o Estado, não confie em instâncias locais, no caso nos municípios, para que possam estes executar uma tarefa bem-sucedida. Parece que têm medo que roubem as vacinas. Com o medo e o receio que tiveram, a consequência foi que tivéssemos desperdiçado este número de vacinas”, frisou o autarca.
Esta situação vai, segundo informação transmitida pelas autoridades de saúde ao município de Famalicão, atrasar as “primeiras tomas” previstas para os próximos dias, sobretudo numa fase em que o concelho de Famalicão “está numa situação de alerta”, disse ainda o presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão.
Notícia atualizada às 13h42 com mais informação.