“Atlântida” do rio Lima voltou a afundar

Aldeia de Aceredo
Foto: Paulo Torres / Facebook

A aldeia de Aceredo, em Lóbios, na Galiza, voltou a estar totalmente submersa pelas águas do rio Lima, na sequência da persistência de chuva ao longo dos últimos meses na região. Algumas fotos partilhadas nas redes sociais e uma notícia publicada hoje no jornal La Voz de Galiciacom o título “Allí abajo había un pueblo”, dão conta do regresso à normalidade do antigo povoado que se transformou numa atração turística durante o ano de 2022.

A albufeira de As Conchas, que procede a do Lindoso (onde se encontra a aldeia), está com 87% da capacidade máxima de armazenamento, muito acima do habitual, e nada comparado com os 14% que o rio Lima chegou a apresentar ao longo do ano passado, um dos mais secos desde que há registos hidrólogos.

Foto: Paulo Torres / Facebook
Foto: Paulo Torres / Facebook
Foto: Paulo Torres / Facebook
Foto: Paulo Torres / Facebook
Foto: Paulo Torres / Facebook
Foto: Paulo Torres / Facebook

Em janeiro deste ano, e conforme acompanhou O MINHO com várias notícias e reportagens no local, a aldeia de Aceredo emergiu quase que totalmente das águas do Lima, levando a milhares de visitas vindas de toda a Galiza e do Norte de Portugal, ao longo de vários meses, à albufeira do Alto Lindoso.

Os carros chegavam à centena, aglomerando-se junto a uma ponte histórica e provocando fila em estradas pouco habituadas a estes fenómenos. A EDP, que geria o espaço onde se encontra a aldeia, interditou o acesso às instalações com umas barreiras para impedir passagem de veículos, mas nem isso impediu os curiosos.

Com várias zonas instáveis por causa da lama, as autarquias e a própria EDP temiam acidentes, algo que chegou a acontecer com, pelo menos, dois turistas que lá sofreram quedas, um deles português.

Como O MINHO noticiou em fevereiro de 2022, um jovem português partiu uma perna, ao fim da tarde de um domingo, ao saltar de rochas, quando visitava a “aldeia fantasma”.

O sinistrado caiu desamparado, num local de difícil acesso, junto ao leito do rio Lima. A lama envolvente e o declive da zona dificultaram as operações de socorro, a cargo do Grupo de Emergências Sanitárias (GES) de Lobios e da Guardia Civil de Lobios.

Aceredo. Foto: Paulo Jorge Magalhães / O MINHO (Arquivo)
Foto: O MINHO / Arquivo
Foto: O MINHO / Arquivo

A ocorrência marcou um domingo em que centenas de pessoas, ao longo de todo o dia, se deslocaram ao antigo aldeamento, totalmente visível devido à seca, estacionando na estrada que acede de Lobios a Entrimo, pela nova ponte, deslocando-se pela Estrada OU 540, que faz fronteira com Ponte da Barca, por Madalena, Lindoso, ligando depois Lobios, Muiños, Entrimo, Lobeira, Bande, Celanova e Ourense.

Aceredo. Foto: Paulo Jorge Magalhães / O MINHO (Arquivo)
Aceredo. Foto: Paulo Jorge Magalhães / O MINHO (Arquivo)
Aceredo. Foto: Paulo Jorge Magalhães / O MINHO (Arquivo)
Aceredo. Foto: Paulo Jorge Magalhães / O MINHO
Aceredo. Foto: Paulo Jorge Magalhães / O MINHO (Arquivo)
Aceredo. Foto: Paulo Jorge Magalhães / O MINHO
Aceredo. Foto: Paulo Jorge Magalhães / O MINHO (Arquivo)
Aceredo. Foto: Paulo Jorge Magalhães / O MINHO (Arquivo)
Aceredo. Foto: Paulo Jorge Magalhães / O MINHO

Entretanto, no sábado anterior, também de tarde, um outro jovem, este galego, sofreu ferimentos, na mesma zona lodosa da “aldeia fantasma” de Aceredo, tendo sido transferido por uma ambulância de Urgências Sanitárias Galicia-061 para o Hospital de Ourense.

Em 18 de agosto do ano passado, as ruínas foram vandalizadas com escritos, possivelmente potenciados pelo aumento de turistas desde o início do ano, quando saíram as primeiras notícias de que a aldeia estaria novamente à vista.

Ruínas da aldeia submersa de Aceredo vandalizadas com ‘pinturas’ e escritos

Tanto as fachadas exteriores como as paredes internas foram alvo de vários escritos, e encontravam-se comletamente preenchidas por letras e ‘pinturas’ que, embora não rupestres, pouco se diferenciavam no que toca à qualidade.

Em outubro de 2021, O MINHO era o primeiro órgão de comunicação a alertar para uma eventual emersão fora do normal daquelas ruínas levando ao contacto do nosso jornal com a EDP nesse mesmo mês.

“Será normal para a altura do ano”, disse a EDP, com reforço de um gráfico estruturado em dados oficiais da Agência Portuguesa do Ambiente (APA).

Mas alguns populares afirmavam que o nível estava mais baixo relativamente a anos anteriores, algo que a EDP não confirmou, mas também não desmentiu, uma vez que só em novembro foi possível verificar a tal descida abruta mencionada pelos populares. E o tempo encarregou-se de confirmar o que o povo dizia.

Os baixos níveis na principal albufeira da estação permitiam ver a antiga ponte sobre o rio Cabril, em Ponte da Barca, que servia para atravessar o curso de água que nasce no alto da Serra Amarela e desagua naquela albufeira. Do outro lado da fronteira era possível ver a antiga aldeia de Aceredo e a sua antiga ponte, edifícios habitualmente submersos durante todo o ano.

 
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