Associação Teatro Construção (ATC)A Associação Teatro Construção (ATC), de Famalicão, que há 12 anos “guia” milhares de pessoas até Santiago de Compostela, inicia no sábado o Caminho Inglês e no verão um percurso a partir de Roma, disse esta terça-feira o presidente.
“Fazer o caminho [de Santiago] tem um problema: vicia”, afirmou Custódio Oliveira.
No sábado, com chegada prevista a 25 de março, a ATC inicia o Caminho Inglês, e a 03 de junho tem início o de Roma que se realizará em etapas ao longo de cerca de sete a oito anos.
“É muito desafiante. Temos pessoas com 70 anos que dirão: ‘aos 78 chegarei a Santiago'”, descreveu o responsável, admitindo que estes “novos” Caminhos são “mais exigentes” porque “não têm a cultura enraizada dos Caminhos Francês, Espanhol e Português”.
As dezenas de pessoas inscritas para partir de Roma, Itália, rumo a Santiago de Compostela, na Galiza, vão caminhar uma semana por ano entre 250 a 300 quilómetros.
Ainda este ano o grupo chegará à cidade italiana Assis e Custódio Oliveira estima ficar muito próximo da fronteira de França em 2017.
Depois, o grupo percorrerá o Mediterrâneo até Espanha para aí enveredar na chamada “Via de La Plata”.
O percurso ficará completo “em princípio” em 2023.
A experiência de juntar um grupo para, ano a ano, etapa a etapa, ir percorrendo o Caminho de Santiago não é nova na ATC, uma vez que a associação fez o Caminho Francês ao longo de quatro anos, um desafio que juntou 40 pessoas e culminou no livro “Mil quilómetros pelos Caminhos de Santiago”, obra com mais de três centenas de fotografias inéditas de França, Espanha e Portugal.
“Tinha dúvidas que todos aguentassem os quatro anos mas sim, acabaram todos. Agora, com o caminho a partir de Roma, acredito que aconteça o mesmo. O caminho gera algum cansaço físico mas um enorme descanso mental”, disse Custódio Oliveira, descrevendo mesmo que “na primeira caminhada, a pessoa ainda se lembra do trabalho e que tem de telefonar por causa disto ou daquilo, mas depois esquece, desliga e só existe caminho”.
Na primeira vez que a ATC, que está a comemorar 40 ano de existência, decidiu “organizar um caminho”, os responsáveis imaginavam ter seis ou sete pessoas interessadas mas quando deram por ela estavam 40 a viajar a pé desde Joane, onde se localiza a sede da associação, até Santiago de Compostela.
“E na altura não existiam os albergues, a literatura e a Internet de hoje”, contou o dirigente, que imagina que os pioneiros desta ideia na associação “tenham nas pernas muito perto de 3.000 quilómetros”.
Também no sábado tem início um outro percurso com organização da ATC, mas desta feita com paisagem portuguesa (saída de Ponte de Lima) e em agosto sairão grupos para o Caminho de Finisterra e de S. Salvador entre Léon e Oviedo (Caminhos espanhóis).
“Este último foi organizado pela ATC em 2015 e em termos paisagísticos é o mais extraordinário de todos”, referiu Custódio Oliveira, acrescentando que, ainda que se trate de “um caminho pouco feito” é dos percursos que se revela mais “encantador” porque atravessa as fraldas dos Picos da Europa.
Atualmente a ATC tem 50 pessoas a percorrer o Caminho pela Via Romana Braga Astorga, um caminho que atravessa paisagens do Gerês português e galego.
“É interessante perceber que a maioria não vai por motivos religiosos. As pessoas vão pela cultura, pelo histórico, pela relação humana, pela relação com a paisagem”, concluiu Custódio Oliveira, estimando que até à Páscoa estejam cerca de 100 pessoas a fazer os Caminhos de Santiago com a ATC.
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