A Procuradoria-Geral da República (PGR) vai instaurar um inquérito tendo em vista “o apuramento da responsabilidade criminal” do magistrado que, na quinta-feira, atingiu um dos cinco suspeitos de assalto a uma ourivesaria em Valença, foi hoje revelado.
“Sem prejuízo das diligências em curso a cargo da Polícia Judiciária, o apuramento da responsabilidade criminal do magistrado será apreciada em inquérito autónomo a instaurar imediatamente na Procuradoria-Geral Regional do Porto”, adianta a PGR, em comunicado.
A PGR descreve que, no decurso de uma operação de vigilância da GNR, acompanhada pelo “magistrado titular do processo” e “em circunstancias que estão a ser investigadas, o magistrado disparou, atingindo o suspeito”.
O homem “está internado nos cuidados intensivos do Hospital de Viana do Castelo”, acrescenta.
De acordo com a PGR, os assaltantes eram cinco e um deles conseguiu fugir, tendo sido detidos os outros quatro.
A PGR explica ainda que a operação de quinta-feira foi desenvolvida “no âmbito de um inquérito-crime a correr termos na comarca de Braga” que levou à investigação de “um grupo de indivíduos”.
Os suspeitos têm “todos nacionalidade estrangeira (entre os quais os detidos no dia de ontem [quinta-feira])” e tinham “como ‘modus operandi’ deslocarem-se a território nacional, em particular na zona Norte do país, para a prática de crimes de furto, com especial incidência a ourivesarias”, acrescenta a PGR.
“Nesta investigação foi recolhida prova indiciária de que o referido grupo se preparava para efetuar novo furto, em ourivesaria na cidade de Valença, pelo que foi montado um dispositivo para controlo dos movimentos do grupo”, esclarece a PGR.
Este dispositivo foi montado “em alguns dos locais que presumivelmente poderiam ser alvo, visando a interceção dos suspeitos em situação de flagrante”.
“O magistrado titular da investigação acompanhou a operação”, afirma a PGR.
A procuradoria diz ainda que, “segundo a informação recolhida até ao momento, o referido grupo, presumivelmente constituído por cinco elementos, dirigiu-se a uma das ourivesarias monitorizadas, sendo seguido pela equipa de investigação e pelo magistrado”.
“Ao contrário do habitual”, os suspeitos “irromperam pelo estabelecimento adentro em horário de funcionamento, tendo consigo armas de fogo e, imediatamente, agrediram com violência os proprietários”, refere a PGR.
A GNR interveio de imediato para “por cobro ao crime, conseguindo um dos suspeitos fugir”.
“A Polícia Judiciária foi ativada e já está no local”, acrescentou.
A GNR disse ainda que duas pessoas ficaram feridas – um assaltante e “um civil que se encontrava no interior da ourivesaria”.
“No decorrer da ação, um dos assaltantes ficou ferido, tendo sido transportado para o hospital, não correndo risco de vida”, afirmou.
Por outro lado, “um civil que se encontrava no interior da ourivesaria foi agredido pelos assaltantes, pelo que houve a necessidade de ser encaminhado para o hospital.
Ao início da noite, fonte oficial da GNR tinha adiantado à Lusa que o dono da ourivesaria foi abordado pelos assaltantes quando se preparava para fechar o estabelecimento e ficou ferido.
A mesma fonte disse que a GNR e a Guardia Civil tinham em curso uma investigação sobre os suspeitos, pelo que os surpreenderam em flagrante delito.
Os bombeiros de Valença indicaram que um homem de 65 anos ficou em estado grave, e outro, com 60 anos, teve ferimentos ligeiros.
Ambos foram transportados para a Unidade de Saúde Local do Alto Minho (ULSAM).
Os bombeiros de Valença revelaram ter sido chamados ao local pelas 18:55, “para uma situação de agressão na avenida Miguel Dantas, freguesia e concelho de Valença”
No local estiveram a ambulância de Suporte Imediato de Vida (SIV) de Valença, a Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) de Viana do Castelo.
Este roubo em Valença acontece duas semanas depois de uma ourivesaria de Ponte de Lima ter sido alvo de furto.
Um dos alegados assaltantes foi baleado pelo proprietário da loja de Ponte de Lima na sequência do furto e acabou detido na quinta-feira, pela Polícia Judiciária, por ser suspeito de furto qualificado e de integrar uma vasta rede criminosa de caráter internacional”.