Arcebispo de Braga no Vaticano afirma que beatificação da Irmã Lúcia pode estar para “breve”

José Cordeiro
Foto: DR

Portugal tem a correr 32 processos de canonização na Santa Sé, afirmou o Arcebispo de Braga, José Cordeiro, após uma reunião no Dicastério das Causas dos Santos, no Vaticano.

José Cordeiro, que também é presidente da Comissão Episcopal de Liturgia e Espiritualidade, disse, citado pela agência Ecclesia, que algumas causas podem estar “em breve” concretizadas, quer na beatificação como na canonização, nomeadamente os processos da beata Joana Princesa, da Irmã Lúcia e do Padre Cruz.

“Algumas destas causas já estão canonizadas pelo povo, mas falta essa validação da Santa Sé, do Papa, para incorporar no álbum dos santos”, acrescentou.

O arcebispo de Braga aludiu ainda à necessidade de ser criado pela Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) “um serviço que trate exclusivamente as causas dos santos”, para que possam aparecer “mais causas de fiéis leigos, homens e mulheres, que não sejam fundadores de institutos de Vida Consagrada, de congregações, bispos ou padres”.

“Não sendo fundador de um instituto de Vida Consagrada ou um bispo, é mais difícil que uma diocese proponha esse processo. Por isso, compete-nos a nós, aos bispos, promover esse exemplo de fiéis leigos na política, na família, na economia, em muitas outras realidades”, acrescentou.

A visita “ad Limina Apostolorum” é feita de cinco em cinco anos e, além de reuniões dos prelados com os diferentes dicastérios da Santa Sé, encontram-se também com o Papa, com o Código de Direito Canónico a estabelecer que “o Bispo Diocesano tem obrigação de apresentar ao Sumo Pontífice, a cada cinco anos, um relatório sobre a situação da diocese que lhe está confiada”.

O grupo da visita que hoje terminou foi constituído por 29 membros da CEP: 20 bispos diocesanos, cinco bispos auxiliares, um bispo eleito (Beja), dois bispos eméritos (Cardeais António Marto e Manuel Clemente) e um padre (secretário e porta-voz da CEP).

Bispos portugueses apresentaram ao Papa trabalho feito no combate aos abusos

O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), José Ornelas, apresentou hoje ao Papa Francisco o trabalho que a Igreja portuguesa tem desenvolvido no combate aos abusos sexuais, com o pontífice a recomendar que continue “na mesma linha”.

Na audiência que o Papa concedeu aos bispos portugueses que hoje terminaram uma visita “ad limina” ao Vaticano, José Ornelas, segundo informa a agência Ecclesia, agradeceu o contributo que o pontífice e a Santa Sé têm dado neste capítulo.

A CEP recebeu, em fevereiro de 2023, um relatório da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica em Portugal, que validou 512 testemunhos, num total de 564 recebidos, relativos a casos ocorridos entre 1950 e 2022.

Após o final dos trabalhos desta comissão, o episcopado criou o Grupo VITA, para o acompanhamento das situações de abuso sexual de crianças e adultos vulneráveis.

Em declarações no final da audiência com o chefe da Igreja Católica, o presidente da CEP afirmou que “o Papa está a transformar a Igreja e essa foi a experiência desta visita” que teve início na segunda-feira, com reuniões nos múltiplos dicastérios do Vaticano.

Já quanto ao encontro de hoje com Francisco, decorreu num clima de diálogo direto entre Francisco e os bispos, sem discursos formais.

Seguiu o “modelo do Sínodo”, em que deixou de “haver simplesmente um discurso oficial, já mais ou menos programado, para ser um encontro e uma troca de impressões e também de perspetiva. Foi muito interessante, penso que não vamos esquecer”, disse José Ornelas.

O prelado acrescentou que houve também a abordagem sobre a “missão da Igreja”, perante os desafios da sociedade.

Os jovens, os idosos e os migrantes estiveram também presentes no diálogo entre os bispos portugueses e o Papa, que, segundo José Ornelas, manifestou preocupações com “uma sociedade envelhecida e uma sociedade que não tem crianças e que precisa dos imigrantes”.

“Os imigrantes têm de ser acolhidos, têm de ser inseridos, têm de ser cuidados, porque vêm fragilizados e por isso têm de ser objeto de uma atenção especial da sociedade e em particular da Igreja”, acrescentou.

Os bispos portugueses terminaram hoje a visita “ad limina” depois de terem celebrado uma missa junto ao túmulo do apóstolo Pedro.

 
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