António Magalhães terá afastado presidente da Guimarães2012 por contratar Ricardo Rio

A primeira presidente da Fundação Cidade de Guimarães (FCG), Cristina Azevedo, admitiu hoje, em tribunal, que foi afastada do cargo devido à contratação do economista Ricardo Rio, atual presidente da Câmara de Braga (PSD).

“A partir daí, as coisas nunca mais foram iguais e, pouco tempo depois, o então presidente da Câmara de Guimarães, António Magalhães (PS), retirou-me a confiança política”, referiu.

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Cristina Azevedo falava no Tribunal de Guimarães, no decorrer do julgamento da ação pela qual pede à FCG uma indemnização superior a 400 mil euros, pelo seu afastamento da presidência.

A FCG foi criada para gerir e organizar a entidade organizadora da Guimarães2012, Capital Europeia da Cultura.

A presidência da Fundação foi assumida, em agosto de 2009, por Cristina Azevedo, um mandato que se deveria prolongar até 31 de dezembro de 2015.

No entanto, foi destituída esse cargo em agosto de 2011, por decisão do então presidente da Câmara de Guimarães, António Magalhães, que lhe retirou a confiança política.

Cristina Azevedo admitiu hoje que, na origem da sua destituição, terá estado o facto de a FCG ter contratado, em inícios de 2011, Ricardo Rio como consultor para definir o programa de mecenato da Fundação, recebendo para o efeito 35 mil euros por seis meses de trabalho.

Ricardo Rio era, na altura, vereador do PSD na Câmara de Braga, liderada pelo socialista Mesquita Machado.

A contratação de Rio, como adiantou Cristina Azevedo, não terá sido bem recebida por Mesquita Machado.

Cristina Azevedo disse que o então vice-presidente da Câmara de Guimarães, Domingos Bragança, a chamou e lhe disse que não se podia “esquecer das suas responsabilidades político-partidárias”, tendo exigido o rompimento do contrato com Rio e a nomeação da vereadora Francisca Abreu (PS) como vogal no Conselho de Administração da FCG.

O contrato, no entanto, não foi rompido.

“Pouco depois, o presidente da Câmara de Guimarães anunciou que me retirara a confiança política”, acrescentou Cristina Azevedo.

António Magalhães justificou a sua decisão com o alegado comportamento negligente e inércia de Cristina Azevedo à frente da FCG, que alegadamente estaria a pôr em perigo o sucesso da Capital Europeia da Cultura, nomeadamente por questões de financiamento.

Acusações refutadas por Cristina Azevedo, que hoje disse que, se tivesse continuado à frente da Fundação, a Capital Europeia da Cultura “teria sido feita com o mesmo brilho” e que “não houve nunca nenhum tipo de problema financeiro”.

“Em termos de factos e não de opiniões, ninguém de pode acusar de ter tido um comportamento negligente”, sublinhou.

Em julho de 2009, antes de assumir a presidência da FCG, Cristina Azevedo era trabalhadora da Euronext Lisbon – Sociedade Gestora de Mercados Regulamentados.

Nesta ação, Cristina Azevedo alega que, aquando da sua destituição, foi assinado um acordo pelo qual a FCG se compromete a compensá-la “pela diferença entre a remuneração mensal que passasse a auferir na situação profissional a que regressasse e a remuneração mensal que auferia aquando da sua designação para presidente da Fundação”.

Diz que procurou regressar ao seu lugar na Euronext Lisbon, mas sublinha que se viu confrontada com a impossibilidade de nela ser reintegrada, motivada por uma reestruturação entretanto operada.

Por isso, “e em alternativa a um inevitável processo conducente à cessação do vínculo laboral por extinção do respetivo posto de trabalho”, Cristina Azevedo acordou com a entidade empregadora a revogação do respetivo contrato de trabalho.

Agora, quer que a FCG lhe pague os ordenados referentes ao período de 2011 a 2015, que contabiliza em 405.395,83 euros, mais juros.

As alegações finais do julgamento ficaram marcadas para 16 de novembro.

 

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