Ninhos de Águia-real regressam ao Parque Peneda-Gerês após vários anos de extinção

Biodiversidade
Ninhos de águia-real regressam ao parque peneda-gerês após vários anos de extinção

A região do Parque Nacional da Peneda-Gerês tem agora uma subpopulação estimada entre um a dois casais de águia-real, após mais de uma década em que a espécie não nidificava nesta região, foi hoje anunciado. Embora a espécie seja várias vezes avistada naquela área, vinham de outras ‘paragens’ de fora do parque.

Apos décadas de declínio no que diz respeito à nidificação na área daquele parque, o registo destes casais parece ser uma nova lufada de ar fresco para a repopulação desta espécie ameaçada com o estatuto de “Em Perigo” segundo o Livro Vermelho
dos Vertebrados de Portugal.

As considerações são do Instituto de Conservação da Natureza e da Floresta (ICNF) numa breve análise enviada esta quinta-feira a O MINHO acerca da presença da águia-real em território nacional.

A 04 de setembro de 2020 foi libertada a primeira de quatro águias-reais, no âmbito de uma parceria do instituto com a ONG espanhola GREFA, que está a tentar trazer de volta esta espécie à região.

“A reintrodução é realizada com exemplares oriundos tanto de recuperação como de reprodução em cativeiro”, explicou na altura a GREFA em comunicado.

“A subpopulação do Noroeste (ou seja, da região do Parque Nacional da Peneda-Gerês) foi estimada em 1 a 2 casais e estima-se que a espécie esteja a reinstalar-se após décadas de declínio, sendo estimado que a espécie esteve regionalmente extinta como nidificante num período aproximado de 10 a 15 anos”, refere o ICNF sobre a região minhota.

Maioria dos casais estão em Bragança e Guarda

Para a temporada de nidificação de 2020 estima-se a existência de 65 casais confirmados e seis casais possíveis de águia-real em Portugal, sendo nos distritos de Bragança e da Guarda que se encontra a grande maioria da população com 44 a 50 casais, refere o ICNF.

O instituto explica que é na região Norte onde se concentra cerca de 72% da totalidade dos casais, muito graças à orografia composta por “vasto conjunto de zonas escarpadas rochosas, maciços montanhosos, vales alcantilados, que formam biótopos rupícolas de grande valor para a fauna e flora”.

A população do Douro Internacional corresponde a uma das de maior densidade em termos ibéricos e a nível europeu.

Para além do Parque Nacional da Peneda-Gerês e do Parques Natural do Douro Internacional, a espécie está presente no Parque Natural de Montesinho e no Parque Natural do Alvão, nas correspondentes Zonas de Proteção Especial (ZPE) e adicionalmente
as ZPE dos Rios Sabor e Maçãs e do Vale do Côa.

Segundo o ICNF, a população de Bragança encontra-se mais “estável e provavelmente em aumento continuado” e “enquadra-se na tendência generalizada da população espanhola”.

“Não enfrentam importantes fatores de ameaça”

O ICNF explica que as observações de exemplares desta espécie fora das áreas tradicionais de nidificação têm vindo a aumentar.

“Através dos estudos de seguimento via satélite de juvenis observa-se repetidamente a utilização de áreas como o vale do Douro Vinhateiro, a bacia do Tua, a alta bacia do Côa, que poderão assim vir a ser colonizadas por esta espécie. O que é uma excelente notícia para a conservação desta espécie em Portugal”, adianta.

Desde 1994, verificou-se um número superior a 20 casos de morte, que tiveram como causas principais a eletrocussão em linhas elétricas aéreas, o uso de veneno e o abate a tiro.

“No cômputo geral considera-se que, presentemente, a população da espécie na região Norte se encontra em situação estável e não enfrenta importantes fatores de ameaça”, conclui o ICNF.

 
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