Advogados de Braga vão perpetuar a memória da oposição ao Estado Novo

Foto: DR

O anúncio do lançamento de uma serigrafia e o anúncio da colocação de uma peça evocativa do da ação dos advogados do distrito de Braga, em frente ao Tribunal Judicial de Braga, marcaram quarta-feira, à noite, na Associação Jurídica, uma cerimónia onde se evocou a memória do que foi viver no Estado Novo, por parte daqueles que constituíram “a espinha dorsal” na oposição à Ditadura.

Numa sala cheia, com representantes de todo o distrito, Maria Manuela Marques, em nome do grupo de trabalho constituído para esta evocação por parte da Comissão de Homenagem aos Democratas do distrito, anunciou a intenção de angariar fundos com a venda de uma Serigrafia (por 150 euros), da autoria do advogado Artur Marques, intitulada “Da Noite se fez Luz” para erguer uma peça que “perpetue todos e todas as que resistiram e enfrentaram o regime de Salazar”.

Foto: DR

Na sua intervenção, Paulo Sousa, em nome da Comissão, começou por anunciar que o dia 02 de maio – data agendada para o final dos trabalhos – será marcada pela homenagem ao presidente honorário da Comissão, José Sampaio, também ele advogado, e a Jorge Miranda, dois bracarenses, duas personalidades que personificam o trabalho de dois anos: “Memória e Liberdade”, o primeiro enquanto resistente e opositor ao Estado Novo, o segundo, enquanto construtor da Liberdade.

Saudando as mulheres e homens que vestiram a camisola pela Liberdade e Democracia, o coordenador da Comissão classificou-os ”como espinha dorsal do Movimento de Democratas que nunca desistiu, resistiu e venceu”. Corporizam, disse, cada uma e cada um, a convicção de, como bem disse Salgado Zenha, “no plano moral, que é o que interessa, só é vencido quem desiste de lutar”.

Zelar pela independência da magistratura

Por seu turno, Macedo Varela, uma das referências da oposição ao Estado Novo, interveio para defender que é importante “zelar pela independência da magistratura”, o que significa “o combate pela Liberdade e Democracia”.

Reconhecendo que “teve sorte” por nunca ter sido preso, aquele causídico de Famalicão, recordou, no entanto, o dia em que foi demitido da magistratura, por decisão do Conselho de Ministros. “Tinha 25 anos”, recorda. “O sistema punha e dispunha da liberdade das pessoas como se fosse dono delas”, explicou o advogado que recordou o dia em que a Pide lhe esventrou o gabinete. Na sua intervenção evocou o nome de outros advogados de Famalicão como Armando Bacelar, José Azevedo, Joaquim Loureiro ou Margarida Malvar, esta presente na cerimónia.

 
Total
0
Partilhas
Artigos Relacionados
x