Adiada 8 dias consulta pública para concessão mineira da Borralha em Montalegre

Concessão requerida por empresa de Braga
Adiada 8 dias consulta pública para concessão mineira da borralha em montalegre
Foto: DR

A consulta pública para a atribuição da concessão mineira da Borralha, concelho de Montalegre, foi prorrogada até 26 de abril, após movimentos e associações terem pedido a sua anulação devido ao estado de emergência.

O Movimento Não às Minas – Montalegre acusou hoje a Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG) de um “tratamento desigual”, questionou “qual o interesse nesta prorrogação” e justificou que se pretendia “a anulação do processo à semelhança do que aconteceu com a consulta pública da concessão de exploração para a Serra da Argemela, a qual foi adiada e apenas será retomada quando terminar o estado de emergência”.

Terminava hoje, dia 15 de abril, o prazo inicial para o período de consulta pública do pedido para atribuição de concessão de exploração, denominado Borralha, requerido pela empresa Minerália – Minas, Geotecnia e Construções.

As minas da Borralha, na freguesia de Salto, no concelho de Montalegre, distrito de Vila Real, abriram em 1902, encerraram em 1986 e chegaram a ser um dos principais centros mineiros de exploração de volfrâmio em Portugal.

Ao apelo feito por mais de uma dezena de movimentos e associações para a anulação da consulta pública devido ao estado de emergência em vigor no país, a DGEG respondeu com a prorrogação do prazo por oito dias úteis, atendendo à medida excecional de proibição de circulação entre concelhos.

“Assim sendo, estamos perante um tratamento desigual por parte da administração pública que, obviamente, lamentamos”, afirmou o Movimento Não às Minas – Montalegre, num comunicado enviado à agência Lusa.

A organização lembrou o princípio da igualdade consagrado na Constituição da República Portuguesa e disse que, “aparentemente, não se verificou na referida decisão”.

“Neste caso, o princípio da igualdade não terá sido respeitado, verificando-se uma clara violação do mesmo”, frisou.

No pedido de anulação do processo, os movimentos e associações apontaram a atual situação de estado de emergência, considerando que “não estão reunidas as condições para sessões de informação e esclarecimento às populações interessadas e diretamente impactadas por este pedido de contrato”, nem é “possível uma participação pública consciente e democrática, por parte de todos os interessados”.

A Minerália, empresa com sede em Braga e que desenvolveu trabalhos de prospeção na Borralha desde 2012, requereu a celebração do contrato de concessão de exploração de volfrâmio, estanho e molibdénio e pretende reaproveitar parte da área da brecha de Santa Helena, uma das várias que existiam no antigo couto mineiro.

Segundo a empresa, o projeto da Borralha prevê um investimento entre 10 a 12 milhões de euros e a criação de cerca de 50 postos de trabalho diretos.

Numa carta distribuída pela população, a empresa lembrou que “a legislação ambiental e de segurança são hoje em dia muito mais abrangentes e restritivas”, explicou que o minério “será tratado por meios hidrográficos, sem o uso de químicos” e que a legislação atual obriga a uma contínua monitorização da qualidade das águas superficiais e subterrâneas, ruídos e poeiras.

Referiu ainda que pelas características geológicas da brecha de Santa Helena (stockvwerk) não se “prevê o uso sistemático de explosivos”, que “hoje em dia há alternativas próprias e mais amigas do ambiente” e que o Plano de Lavra implica também “um plano de fecho e recuperação ambiental”.

Em abril foi lançado um abaixo-assinado em defesa da freguesia de Salto e contra a exploração mineira a céu aberto.

Os subscritores opõem-se à concessão por considerarem que o “projeto colide gravemente” com o seu modo de vida e “não trará quaisquer benefícios” nem para as pessoas, nem para a terra, e apontam as “consequências nefastas associadas à mineração” a nível da contaminação das águas, das terras e do ar, os prejuízos económicos na produção agropecuária e perda de subsídios, a diminuição da atratividade turísticos e a eventual desclassificação da região como Património Agrícola Mundial e Reserva da Biosfera.

 
Total
0
Shares
Artigo Anterior
'app' para os jogos olímpicos permite saber mais sobre os atletas portugueses

'App' para os Jogos Olímpicos permite saber mais sobre os atletas portugueses

Próximo Artigo
André castro prepara regresso no sc braga

André Castro prepara regresso no SC Braga

Artigos Relacionados