Interrompo o ciclo de artigos sobre política nacional para escrever sobre a Grécia e sobre a Europa, considerando o momento fulcral que estamos a viver. Voltarei aos temas nacionais já na próxima semana.
Li no Expresso o texto publicado pelo ministro das financas grego no seu blogue pessoal. É um texto extenso mas de enorme conteúdo. Vale imenso a pena ler. Pode encontra-lo aqui.
Sobre a Grécia escreve-se muita coisa com o propósito de contaminar a opinião pública. Felizmente as redes sociais são uma enorme arma neste combate pela transparência e pela defesa dos mais elementares princípios de democraticidade, nomeadamente o de que não há verdades absolutas emanadas por pequenos ditadores económicos.
A Europa, para minha grande tristeza, não tem líderes à altura do actual desafio. São políticos impreparados a quem a história não poupará na responsabilização pelo que se vai suceder a breve prazo.
Já há vários anos que não tenho dúvidas que o projeto europeu não singra nos moldes traçados e com o modelo político vigente.
Não sou eurocéptico e acredito (muito) na Europa. Na Europa dos Estados Federados, nas eurobonds, num orçamento federal e em orçamentos regionais, numa justiça implacável de escala europeia, numa educação poliglota de base cultural estatal, na tributação das importações chinesas, e tantas outras coisas tão silenciadas.
Nada disto é desejado pelo actuais protagonistas políticos, pois perderiam o controlo dos seus pequenos poderes individuais e das suas redes de interesse partidário.
Há dias atrás, comemoraram-se 30 anos sobre a adesão de Portugal à CEE. Grandes mudanças ocorreram (para muito melhor) ainda que insuficientes: a livre circulação de pessoas e bens, a moeda única, o fantástico programa Erasmus e as diretivas comunitárias que iniciaram um caminho importante para harmonização de princípios legislativos entre Estados.
Mas falta tudo o resto: uma constituição europeia, um governo federal, um tribunal federal, um modelo de financiamento diferente do projeto europeu e… políticos de dimensão europeia!Eu admiro Varoufakis pela seriedade que impõe à discussão, normalmente impraticável pela superficialidade da maioria dos bloguer’s, projectos disso e analfabetos políticos que escrevem em todo o lado.
Admiro também uma minoria de dirigentes políticos que combatem esta mancha de interesses especulativos e financeiros que tomaram conta do destino europeu.
Mas isso não chega. Falta que o europeus se admirem com a Europa e com a Grécia.