A Câmara de Braga aprovou por unanimidade a redução em 2,5% das tarifas de água mas a oposição acusou a maioria PSD/CDS-PP/PPM de “propaganda” e exigiu que a empresa municipal de saneamento deixe de ser um “grande negócio”.
A medida, hoje aprovada em sede de reunião do executivo camarário, efetiva pela “primeira vez em 20 anos” uma a redução das tarifas de água e saneamento praticadas pela AGERE, – Empresa de Águas, Efluentes e Resíduos de Braga, que, segundo o autarca bracarense, Ricardo Rio, representa uma “evidente rutura com a política de agravamento dos custos que se verificou no passado”.
Apesar de terem votado favoravelmente, PS e CDU, na habitual conferência de imprensa após a reunião camarária criticaram a ação do executivo, lembrando os lucros “obscenos” que a AGERE distribui anualmente pelos acionistas privados e que não tem reflexo na qualidade e preços dos serviços prestados por quela empresa municipal.
“Este jogo destes números, que tem por objetivo a propaganda, depois tem efeitos reais na vida das pessoas e do concelho. Não é uma redução pela boa gestão”, acusou o líder socialista na vereação, Hugo Pires.
Para o vereador eleito pela CDU, Carlos Almeida, “é obsceno que a AGERE acumule anualmente 2, 3, 5 milhões de euros para distribuir pelos acionistas com os cidadãos a pagarem tão caro pelos seus serviços”.
O comunista considerou que a gestão da empresa municipal é “sem dúvida um grande negócio” e deixou uma exigência: “Tem que deixar de o ser. Tem que ser uma empresa sustentável, mas que preste um serviço de qualidade e que garanta a preços muito mais baixos, mais acessíveis”, apontou.
Ricardo Rio defendeu que a medida, que terá efeito já em janeiro, “resulta de uma política clara do controlo da evolução do tarifário da AGERE e vem no seguimento de uma lógica de total coerência com o que se tem realizado durante o atual mandato”.
Segundo disse, no mandato anterior, com o PS a liderar o executivo, os preços da água e do saneamento registaram aumentos anuais de três e oito por cento e que o “novo modelo de gestão” implementado pela atual maioria permitiu inverter aquela tendência.
“Quando tomamos posse, logo no primeiro ano de mandato, a água registou uma subida de 2% e o saneamento 5%. No segundo ano, esses tarifários foram congelados, não havendo lugar a qualquer aumento para o público em geral”, salientou.
O tarifário da recolha de lixos vai manter-se inalterado, sendo aplicado um desconto de 5% sobre a recolha de resíduos sólidos urbanos aos consumidores não-domésticos.
“Esta era uma realidade manifestamente injusta, uma vez que qualquer entidade que desenvolvesse a sua atividade no centro da cidade, mesmo que não tivesse um consumo significativo de água, acabava por ter uma fatura exagerada face à dimensão do seu negócio. A margem de liberdade para intervir nesta matéria é menor, porque está condicionada às regras da Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR), por isso optamos por fazer este desconto de maneira a reduzir a fatura final desses consumidores”, explicou o autarca.
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