ARTIGO DE OPINIÃO
Miguel Brito
Advogado
O Jornal Expresso publicou um excelente ensaio “As voltas do ciclismo em Portugal” e achei-o apropriado para o trazer à liça no quadro das eleições autárquicas que se avizinham, na cidade onde vou exercer o meu dever cívico de escolha: Braga.
“Um ciclismo (lá fora) que cativa novos públicos e novas gerações, a “Volta a Portugal” prende-se à saudade de tempos em que o ciclismo era Agosto” .
As eleições autárquicas vistas a partir dos tempos quentes de Agosto, oscilam entre o típico saudosismo lusitano e as escolhas para os próximos quatro anos, sobre quem pedala mais e quem vai cortar a meta em primeiro, com mais votos e por consequência ser o próximo Presidente da Câmara Municipal de Braga.
No princípio do novo ciclo de Braga – 2011 – após a saída de Mesquita Machado, uma das primeiras iniciativas da nova agenda, do novo estilo de uma nova era, com a coligação “Juntos por Braga” recuperou-se a Volta a Portugal em bicicleta a passar por Braga.
Em boa verdade, foi de sol pouca dura, porque o ciclismo e a volta a Portugal entraram em crise, o ciclismo vibra em “França” e desfalece em Portugal, agora reanimado por um vencedor que chegou da Rússia e que ganhou a Volta.
E quem chega no pelotão da frente. O mais notável, por ter sido Presidente nacional do seu Partido, chega à corrida visivelmente cansado. Confesso quanto a mim, deixa-me até confuso, por ver o seu cartaz de “Confiança” exposto em Vila do Conde e a seguir a vê-lo defender uma área metropolitana em que Braga lideraria, numa geografia que este não explicou com clareza e usando argumentos de que Braga por ter um “canudo” podia passar à frente do Porto, liderando até o Norte.
Para o candidato que chegou a Braga de “Alfa” acho que precisava de pedalar mais e, chegar em classe “conforto”, não o ajudou.
Devia parar em mais apeadeiros e conhecer mais sítios onde se comem papas.
Não sabendo onde “estaria quando foi o 25 de Abril”, atrevia-me a perguntar o que pensa como “liberal” sobre a venda do subsolo de lugares nobres, como a Praça do Campo da Vinha e da Praça da Republica promovida pelo Partido Socialista?
Estaria na época a aprofundar a dicotomia publico/privado e não tinha ainda descoberto a “cidadania”?
Lembrando que o Joaquim Agostinho – ainda o ciclismo – foi descoberto em Casalinhos de Alfaiata em Torres Vedras pelo Sporting, o candidato liberal foi descoberto em Lisboa e depois de uma longa travessia amnésica, sobre o pior do socialismo – negócios e política ocorridos na sua cidade, chega ufano, no comboio Alfa das 18 horas, sobe a Andrade Corvo e pede uma tíbia e, saudado por um emigrante brasileiro que o reconhece da TV, lhe responde: cheguei!
Vejamos o António Braga, candidato do PS. O CV todos conhecem: autarca, parlamentar, membro do Governo liderado por José Sócrates, sustentou as posições do consulado “mesquitista”.
Durante todo o período do novo ciclo que nasceu em 2011, esteve em “pause” ou em “modo de voo”.
Em 2011, liderava uma fação do Partido Socialista de Braga que não foi a escolhida. Em 2024 perante a balcanização do PS de Braga, é escolhido para federar fações desavindas, mercê da sua longa experiência e da sua grande estada em barricas de carvalho onde aprimorou uma espécie de fação “envelhecida”.
O PS vai pagar um preço alto por ter um candidato que teve a sua cidadania suspensa!
O Chega vai a eleições com um candidato e o eterno “Ventura”, uma espécie de bicicleta com rodinhas que, quando tirarem o suporte, esbarra-se contra a parede.
O candidato independente Ricardo Silva é candidato a vereador, acho mesmo que deve ser o próximo homem da mobilidade e merece receber uma bicicleta.
Todas as candidaturas da esquerda espreitam ver surgir de rompante, o Joaquim Agostinho, mas a Volta a Portugal, já não é o que era.
Um nova volta e um novo líder: João Rodrigues é um candidato preparado, com um discurso articulado, pensa a cidade de forma global e verdadeiramente é o único que disputa a camisola amarela, com método e objetivos.
Participa da energia de quem está a começar e acumula já uma experiência autárquica que o indica para a função.
Fui cético no ponto de partida mas reconheço a sua energia para ser o primeiro e o mais capaz.