O centro de Braga conta a partir desta terça com uma “escultura viva” que lembra “uma nave espacial” e tira proveito da ação de algas para purificar o ar citadino na mesma proporção que 25 árvores.
O Urban Algae Folly tem como “princípio fundamental a fotossíntese”, explicou aos jornalistas Marco Poletto, da empresa ecoLogicStudio, que em parceria como Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia (INL), sediado em Braga, desenvolveu um meio de “incorporar o processo num artefacto, um pedaço de arquitetura”.
O resultado é digno de ficção científica, na medida em que a estrutura de aço negro é envolvida por tubos de PVC que transportam um líquido saturado de microalgas, permitindo absorver e processar o dióxido de carbono presente em meios urbanos de modo a expelir cerca de dois quilos de oxigénio por dia.
“Podemos construir infraestruturas urbanas – edifícios, esculturas – que não só incorporam a Natureza, como intensificam as suas propriedades”, considerou Marco Poletto, sublinhando que o “aspeto alienígena” do mecanismo pretende também “provocar a imaginação”.
Para o investigador, “o futuro passa pela biotecnologia e tecnologias digitais no ambiente urbano”, no sentido de “devolver a indústria na cidade”, lembrando os tempos vitorianos em Inglaterra, em que “havia orgulho nas centrais energéticas no núcleo urbano durante a Revolução Industrial”.
Segundo o presidente da câmara de Braga, que presidiu à inauguração do artefacto na Praça da República, o projeto “ilustra o conhecimento inovador que se produz” no município e respetivas instituições, salientando o LNI e a Universidade do Minho.
“São estruturas cujo conhecimento e ciência aí desenvolvidos têm uma capacidade de repercussão não só a nível económico, mas também em termos de transformação da nossa sociedade”, declarou Ricardo Rio, supondo que a purificação do ar no centro de cidades venha a equivaler à atual proliferação de painéis de captação de energia solar.
“Quem sabe se o futuro não vai também assentar neste tipo de micro-organismos que, no fundo, fazem uma fotossíntese acelerada para gerar uma maior sustentabilidade ambiental?”, interrogou-se o autarca.
O Urban Algae Folly é o resultado de seis anos de investigação entre biólogos e programadores e deverá purificar o ar do centro bracarense até fevereiro de 2016.