Paredes de Coura: Parece uma cobra mas é um lagarto. Apesar de comum, não é fácil de ver

“Fura-pastos”
Paredes de coura: parece uma cobra mas é um lagarto. Apesar de comum, não é fácil de ver
Foto: Cecília Pereira

Cecília Pereira registou recentemente uma observação invulgar na vila de Paredes de Coura: um exemplar da cobra-de-pernas-tridáctila (Chalcides striatus), também conhecida como fura-pastos. Apesar da sua forma alongada e ausência visível de membros, este animal não é uma serpente, mas sim um lagarto altamente especializado.

Vídeo: Cecília Pereira

A Universidade de Évora descreve-o com um corpo cilíndrico e serpentiforme que pode ultrapassar os 40 cm, distinguindo-se pela sua pele lisa e metálica, coberta de escamas, geralmente em tons pardos, oliváceos ou amarelados, com até 11 listras longitudinais escuras. Os seus membros, embora presentes, são minúsculos (4 a 7 mm) e apresentam apenas três dedos em cada pata – um traço distintivo da espécie.

A cabeça e a cauda são pouco diferenciadas do resto do corpo, o que contribui para a sua aparência de serpente. Uma das suas defesas naturais, comum a outros lagartos, é a capacidade de autotomia – ou seja, soltar a cauda para escapar de predadores.

A fura-pastos está classificada com o estatuto de conservação “Pouco Preocupante” e é relativamente comum em Portugal continental, onde ocorre de forma quase contínua, desde o nível do mar até aos 1500 metros de altitude, com maior frequência no sudoeste do território. Prefere habitats húmidos com vegetação herbácea abundante, como prados, pastagens, matos, florestas e até hortas.

No entanto, esta espécie enfrenta várias ameaças, como a destruição e fragmentação do habitat, muitas vezes provocadas por práticas agrícolas e pecuárias intensivas ou pela eliminação de zonas ripícolas. O atropelamento em vias rodoviárias é também um fator preocupante para a sua conservação.

Num artigo publicado na revista Wilder, Diogo Parrinha, herpetólogo e aluno de doutoramento do BIOPOLIS/CIBIO. explica que este lagarto tem “hábitos fussurículas (que vivem sobretudo em túneis no solo) e evoluiu de forma a que as pernas se foram atrofiando”.

Aponta também que “é uma espécie relativamente comum mas, devido aos seus hábitos, não é muito fácil de ver”.

 
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