Os mais de 200 adeptos do Sporting reunidos em Braga festejaram hoje o bicampeonato na I Liga portuguesa de futebol, um “título mais difícil” do que em 2023/24, com cânticos de apoio ao clube, buzinas e engenhos pirotécnicos.
O eco das buzinas dos automóveis ouviu-se desde o anoitecer, acompanhado de gritos e gestos de júbilo da multidão ‘verde e branca’ concentrada nas imediações do coreto da Avenida Central, uma das mais reconhecidas ‘artérias’ da maior cidade minhota.
“Este título foi mais difícil do que o do ano passado. No ano passado, foi mais suave. Este título foi disputado até à última”, reconhece Francisco Nunes, bracarense de 72 anos, que descreve convictamente o emblema de Alvalade como o “melhor de Portugal”.
Entre os sportinguistas que acenavam aos carros decorados com enfeites ‘verde e brancos’ ou com leões de pelúcia, João Correia, de 19 anos, e Daniela Silva, de 26, veem o bicampeonato com uma sensação “fantástica e indescritível”.
“Foram bastantes anos sem ganhar nada e agora somos nós o ‘rei’ em Portugal. Desde os adeptos à organização e à equipa técnica, o Sporting está mais unido. Todos unidos somos capazes de ganhar mais”, vinca João.
Para Daniela, o triunfo na receção ao Gil Vicente (2-1), na 32.ª jornada, consumado com golos de Maxi Araújo e de Eduardo Quaresma nos minutos finais, foi o decisivo “ponto de viragem” rumo ao título, opinião corroborada por Rui Gomes, que vê o bicampeonato com “alegria enorme”.
“O golo do Eduardo Quaresma foi o golo do campeonato para nós. As coisas estavam muito difíceis. Depois do Amorim sair, nunca nos passou pela cabeça aquele período do João Pereira, negativo como tudo. Depois, o Rui Borges corrigiu”, analisou o sportinguista de 45 anos.
Ao lado, a sobrinha Carolina Quinteiro, de 14 anos, confessa as “muitas lágrimas de alegria e muitas emoções” por ver de novo o Sporting campeão, elogiando, pelo meio, o trabalho de Rui Borges, ‘timoneiro’ dos ‘leões’ a partir da 16.ª jornada.
Residente em Portimão, mas natural de Macedo de Cavaleiros, concelho transmontano fronteiro ao de Mirandela, de onde o técnico do Sporting é natural, Isa Vicente afirma que o jogo de hoje, com o Vitória de Guimarães (triunfo por 2-0), foi vivido com “mais calma” do que o da jornada anterior, com o Benfica (1-1), a outra equipa na ‘corrida’ ao título, que jogou hoje com o Sporting de Braga, no Minho (1-1).
“Acreditei sempre que seríamos campeões. Tivemos dificuldades após a saída do Rúben Amorim, mas ele deixou-nos a fé e a confiança para sermos outra vez campeões”, disse a sportinguista, de 50 anos, acompanhada pelo marido Pedro Santos, de 46, e pelos filhos Salvador Santos, de 13, e Lourenço Santos, de 10.
Entre os gestos de celebração, Salvador assume que Gyökeres, melhor marcador da I Liga pela segunda época consecutiva, é o seu jogador favorito nos ‘leões’ pela confiança que exibe, enquanto Carolina Quinteiro refere-se ao avançado de 26 anos como uma “máquina, feita de ferro”.
Presentes no Estádio José Alvalade, em Lisboa, na estreia de Gyökeres pelo Sporting, no triunfo sobre o Vizela (3-2), na jornada inaugural de 2023/24, Daniela Silva e João Correia recordam uma curiosidade relacionada com o ponta de lança sueco, autor de 96 golos em dois anos pelos ‘leões’.
“Não tenho palavras para o Gyökeres. Fomos ver o primeiro jogo dele ao estádio. Ele [João] queria colocar o nome dele na camisola. Disse-lhe para não colocar, porque pode ser um grande ‘flop’. Agora, deixava-o colocar as letras todas na camisola”, diz, sorrindo, entre a ‘onda’ de cânticos, o agitar dos cachecóis e a explosão esporádica de petardos.
O Sporting sagrou-se hoje bicampeão português de futebol, depois de vencer o Vitória de Guimarães, por 2-0, na 34.ª e última jornada da I Liga, conquistando o título pela 21.ª vez no seu historial.
Os ‘leões’, orientados por Rui Borges, terminaram a 91.ª edição do campeonato com 82 pontos e asseguraram o terceiro título em cinco anos, voltando a ser bicampeão 71 anos depois.