Dirigentes do Chega de Viana do Castelo abandonam partido por discordarem de lista

Dizem que Comissão Política Distrital “não foi tida nem achada”
Foto: Joca Fotógrafos / O MINHO

Oito dos nove elementos da Comissão Política Distrital (CPD) do Chega de Viana do Castelo, que terminou funções a 02 de abril, desfiliaram-se do partido por discordarem da composição da lista de candidatos às legislativas, foi hoje divulgado.

Contactada pela agência Lusa, a propósito de um comunicado hoje enviado às redações, a ex-presidente da CPD, Elsa Abreu, adiantou que os coordenadores concelhios de Viana do Castelo, Caminha, Valença e Monção também se desfiliaram do partido pela mesma razão.

No entanto, entretanto, à Rádio Vale do Minho, o coordenador do Chega de Valença, Vítor Vieira, negou que se tivesse desfiliado. “O mandato da distrital terminou mas nunca me desfiliei do partido”, afirmou.

“O único elemento da CPD que não saiu do partido foi Germano Miranda, ex-combatente do Ultramar e funcionário aposentado dos CTT, porque vai em terceiro lugar da lista”, explicou.

Por seu turno, Germano Miranda, ex-secretário da Distrital, já reagiu dizendo que “não é verdade que se demitiram do partido nove elementos após a saída da lista, mas sim três”.

O ex-social-democrata Eduardo Teixeira, que em 2024 conquistou o primeiro lugar de deputado pelo Chega, volta a ser o número um da lista pelo círculo de Viana do Castelo.

Em segundo lugar concorre Mecia Martins, antiga vice-presidente da Câmara de Ponte de Lima (CDS-PP).

Segundo Elsa Abreu, a “CPD não foi tida nem achada na estruturação da lista de candidatos às eleições legislativas”.

“Ao fim de meses e incontáveis pedidos de reunião com a Direção Nacional (DN) e com o Conselho de Jurisdição Nacional (CJN) a fim de expor assuntos que nos preocupavam ao nível distrital desde as últimas eleições legislativas, a única coisa que recebemos foi o silêncio, até sermos surpreendidos, pouco tempo antes, com a apresentação de listas de candidatos”, refere Elsa Abreu na nota enviada às redações.

A ex-presidente da CPD diz ter-lhe sido “solicitada pelo presidente do Chega, André Ventura uma lista de candidatos que foi prontamente enviada”.

“Como não recebemos respostas nenhuma da DN, apenas uma instrução interna da coordenação de campanha, ironicamente, para estarmos prontos para a campanha no terreno sem sequer sabermos quem iríamos eleger”, acrescenta.

“Foram 5 anos de luta pela implementação do Chega no distrito [de Viana do Castelo] que nos saiu do corpo e do bolso que foram destruídos por imposição da DN”, frisa.

Em comunicado enviado hoje à Lusa, a vice-presidente da CPD do Chega de Viana do Castelo, Natividade Barbosa, que também se desfiliou do partido justifica a decisão com o lugar, terceiro, que lhe foi indicado para a lista às legislativas de 18 de maio.

Natividade Barbosa afirma ter sido informada, no dia 4 de abril, por Eduardo Teixeira de que seria novamente convidada para a lista pelo círculo eleitoral de Viana do Castelo, “mas desta vez para o terceiro lugar da lista, justificando que teria lugar garantido na estrutura nacional do partido, em Lisboa”.

“Recusei de imediato, pois felizmente não preciso de migalhas e nem de mendigar, vivo bem com o meu trabalho, felizmente. Depois de tudo o que entreguei ao partido – da construção da base local até à presença nas ruas quando ninguém queria dar a cara – não aceitaria ser colocada atrás de quem nunca lutou nem construiu o que quer que fosse pelo Chega no distrito de Viana do Castelo”, sublinha.

Natividade Barbosa refere que “o povo reconhece quem tem princípios, quem lutou com verdade, quem não teve medo de dar a cara e expor-se quando ninguém mais o fazia”.

“É por respeito a esse povo que aqui coloco um ponto final na minha participação ativa nesta estrutura do Partido Chega. Não compactuo com sede de poder, com traições nem com jogos de bastidores. Tenho valores e princípios que me foram incutidos desde criança, sobretudo pelo meu pai – Ermesindo Barbosa, de Paredes de Coura, recentemente falecido – que me ensinou o que significa ser Minhota: ter palavra, ter honra e nunca vender os próprios valores”, acrescenta.

A ex-vice-presidente da CPD adianta que “a política, infelizmente, ensina que não há amigos – há interesses”.

“Saio de cabeça erguida, com a consciência tranquila, com amizades sinceras conquistadas ao longo deste caminho e com a certeza de que jamais me verguei a quem me tentou calar”, afirma.

Notícia atualizada às 10h36 com reações de Germano Miranda e Vítor Vieira.

 
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