“É o momento de todos construírem almofadas financeiras para o futuro”

Avisa o governador do Banco de Portugal
Foto: Lusa

O governador do Banco de Portugal defendeu hoje que este “é o momento de todos construírem almofadas financeiras para o futuro”, nomeadamente numa altura de incerteza global.

Mário Centeno destacou, na apresentação do Boletim Económico de outubro, as incertezas em redor do crescimento europeu.

“Sistematicamente temos revisto o início do processo de recuperação da economia europeia e temos menos inflação”, constatou. Assim, “há incerteza política global, também na Europa há uma nova comissão, há o debate sobre o financiamento comunitário e o serviço da dívida do NextGenerationEU”, acrescentou.

Tendo em conta este cenário, o governador reiterou que todos têm de construir almofadas financeiras, tanto o Estado como as empresas e famílias.

“O Estado tem de acautelar o futuro preservando as poupanças que adquiriu”, argumentou o ex-ministro das Finanças socialista, nomeadamente num “momento em que o investimento está tão frágil”.

O Banco de Portugal tem também “vindo a aumentar as almofadas financeiras nos bancos, esta semana tomou uma decisão nesse sentido”, recordou Mário Centeno, argumentando que “não há melhor momento para aumentar almofadas de proteção para o futuro”.

Esta segunda-feira, o BdP anunciou que vai alterar a metodologia e que a reserva contracíclica de fundos próprios passará dos 0% atuais para 0,75% em 01 de janeiro de 2026. Ou seja, será nessa altura que os bancos terão de ter reforçado esta ‘almofada’ de capital.

O governador explicou que esta medida “tem um desfasamento grande porque os bancos têm de constituir almofada até 01 de janeiro de 2026”, para “dar tempo para os agentes económicos se adaptarem”.

No que diz respeito às famílias, Centeno destacou a revisão em alta das suas poupanças, que “vai situar-se acima de 11%”.

Tal aconteceu num contexto de aumento do rendimento disponível, que “cresceu muito fortemente em 2024”, com “fatores como salários, transferências e redução de impostos”.

Ainda assim, “o rendimento disponível vai perder dinâmica nos próximos anos”, pelo que o que esperam que aconteça e que “isto se faça sentir de forma muito moderada nos níveis de poupança”.

 
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