As organizações sindicais que organizaram a greve dos trabalhadores da CP que decorreu esta sexta-feira, lamentaram hoje que o Governo e a empresa não tenham feito “qualquer esforço” para alcançar um acordo conjunto.
“Lamentamos que a CP e a tutela setorial não tenham feito qualquer esforço para alcançar um acordo conjunto de sindicatos”, lê-se num comunicado hoje divulgado.
Na sexta-feira, o Governo anunciou, em comunicado, que a greve que decorria desde 27 de junho e até 14 de julho foi suspensa, após ter sido alcançado um acordo com o Sindicato Nacional dos Maquinistas dos Caminhos de Ferro Portugueses (SMAQ).
A par desta greve, mais de 10 estruturais sindicais também organizaram uma paralisação que decorreu na sexta-feira e que contou com perto de 100% de adesão.
Contudo, o Governo e a CP não voltaram a negociar com estes sindicatos. A última reunião tinha ocorrido na quarta-feira.
“A CP é muito mais do que maquinistas. Este conjunto de sindicatos mantém a luta e as perturbações vão manter-se por tempo indeterminado até que a CP venha ao encontro das pretensões de todos os trabalhadores que lutam pela valorização das carreiras profissionais”, asseguraram.
Questionado pela Lusa, o secretário-geral da Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans), José Manuel Oliveira, reiterou hoje não haver qualquer acordo com a federação ou com os sindicatos que subscreveram o pré-aviso de greve para 28 de junho.
“[…] Nem sequer conhecemos qualquer proposta. A última foi da passada quarta-feira”, sublinhou.
As negociações entre a CP e o SMAQ, mediadas pela secretária de Estado da Mobilidade, Cristina Pinto Dias, permitiram “chegar a um acordo sobre várias matérias laborais, nomeadamente aumentos dos salários e do subsídio de refeição, beneficiando todos os trabalhadores da empresa”, adiantou, na sexta-feira, o Ministério das Infraestruturas.
Por sua vez, a CP salientou, em comunicado, que as partes chegaram “a um acordo quanto ao regulamento de carreiras”, sublinhando que o SMAQ se comprometeu a terminar com a greve com efeitos imediatos.
Os restantes sindicatos que estavam em greve na sexta-feira cumpriram a paralisação.
A greve contou com a adesão da Associação Sindical das Chefias Intermédias de Exploração Ferroviária (ASCEF), da Associação Sindical Independente dos Ferroviários da Carreira Comercial (ASSIFECO), do Sindicato Nacional dos Transportes, Comunicações e Obras Públicas (FENTCOP), do Sindicato Nacional dos Ferroviários do Movimento e Afins (SINAFE), do Sindicato Nacional Democrático da Ferrovia (Sindefer) e do Sindicato Independente dos Trabalhadores Ferroviários, das Infraestruturas e Afins (SINFA).
O Sindicato Independente Nacional dos Ferroviários (SINFB), o Sindicato Independente dos Operacionais Ferroviários e Afins (SIOFA), o Sindicato Nacional de Quadros Técnicos (SNAQ), a Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações (Fectrans), o Sindicato dos Transportes Ferroviários (STF), o Sindicato Nacional dos Maquinistas dos Caminhos de Ferro Portugueses (SMAQ) e o Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Setor Ferroviário (SNTSF) também aderiram.
José Manuel Oliveira já tinha referido que o que está em causa são salários de entrada baixos, “muito próximos do salário mínimo nacional”, bem como uma diferença reduzida entre a base e o topo da carreira para os trabalhadores da CP, que ronda os 100 euros.
Em consequência, conforme apontou, a empresa tem cada vez menos trabalhadores, apesar de o número de passageiros e o lucro terem aumentado.
A greve dos trabalhadores da CP – Comboios de Portugal levou à supressão de 934 comboios dos 1.247 programados (74,9%) entre as 00:00 e as 22:00 de sexta-feira, segundo dados enviados à Lusa pela empresa.