Militantes da associação Habeas Corpus, ligada à extrema-direita, invadiram, na noite de terça-feira, o auditório da Casa do Tempo, em Cabeceiras de Basto, onde decorria uma sessão sobre questões de género e orientação sexual.
Segundo a revista Visão, e como é possível verificar em vídeos publicados pela Rádio Voz de Basto, entre os invasores estava o ex-juiz Rui Fonseca e Castro, que se notabilizou por ser negacionista da pandemia de covid-19.
O candidato do partido de extrema-direita Ergue-te às eleições europeias justifica ação com a sua luta contra o que considera ser “a promoção da homossexualidade”.
De acordo com a mesma fonte, Fonseca e Castro, acompanhado de, pelo menos, mais três membros da associação Habeas Corpus, interrompeu a iniciativa, acusando os organizadores de “promover a homossexualidade, a degeneração e a desconstrução da família”.
Seguiram-se momentos de tensão entre os presentes, com trocas de insultos e ameaças de violência física.
Segundo o Jornal de Notícias, não houve registo de agressões físicas.
A GNR foi chamada ao local e expulsou os invasores.
A vereadora com o pelouro da Igualdade de Género, Carla Lousada, presente no local e um dos principais alvos das ofensas dos extremistas, disse à Rádio Voz de Basto que “este insólito caso é preocupante” e questionou o motivo por que “quatro pessoas se deslocam de Lisboa a Cabeceiras de Basto para provocar desordem numa iniciativa pública a que toda a gente podia assistir”.
Autarquia apresenta queixa
Entretanto, a Câmara já reagiu em comunicado, dando conta que já foi apresentada queixa na GNR pelo que classifica de “acontecimentos insólitos”.
A autarquia refere que, “após a sessão de abertura, marcada pela atuação da Academia de Música de Cabeceiras de Basto e dos cumprimentos de boas-vindas, a sessão foi interrompida pela intervenção de um membro da Associação Habeas Corpus que provocou distúrbios no auditório (instigando a plateia a abandonar a sala), incidente que motivou a chamada/presença da GNR no local”.
“Após a intervenção da GNR, que colocou termo à confusão que se gerou no auditório, a sessão retomou a normalidade com o Projeto Bússola, mais concretamente com as intervenções das oradoras Inês Gonçalves e Raquel Guimarães”, acrescenta a nota.
Citada no comunicado, a vereadora Carla Lousada defende que “o que aqui se passou hoje, não pode repetir-se”.
A iniciativa partiu da UCC de Cabeceiras de Basto, em parceria com o projeto Bússola e com o apoio da Câmara local.
Tratava-se de uma ação de sensibilização intitulada “Diversidade, género e orientação sexual”.
O objetivo era “informar a população sobre questões de género e orientação sexual, de forma a potenciar práticas inclusivas, diminuindo assim a discriminação em razão da orientação sexual e da identidade de género”.
Notícia atualizada às 15h41 com comunicado da autarquia.