A requalificação da estação de Campanhã, no Porto, no âmbito do projeto de Alta Velocidade ferroviária, poderá torná-la no “principal ‘hub’ ferroviário do país”, adiantou hoje o vice-presidente da Infraestruturas de Portugal (IP), Carlos Fernandes.
“A estação de Campanhã vai-se constituir como um dos principais ‘hubs’ [pontos centrais] ferroviários do país, senão mesmo o principal hub ferroviário do país”, disse hoje o responsável da IP, durante a apresentação do Plano de Urbanização de Campanhã, no Porto.
Na sessão que decorreu hoje na Câmara Municipal do Porto, contou também com as intervenções do ministro das Infraestruturas, João Galamba, do presidente da autarquia, Rui Moreira, do vereador do Urbanismo, Pedro Baganha, e do arquiteto catalão Joan Busquets, que concebe o projeto.
Carlos Fernandes justificou a sua afirmação com a possibilidade de, no futuro, se alcançarem “cerca de 200 destinos por comboio direto” a partir da estação ferroviária oriental do Porto.
“Ou seja, 200 estações ficarão ligadas a Campanhã por serviço direto de comboio, sejam para sul, sejam para Norte, sejam para Portugal e sejam para Espanha”, explicou.
Segundo Carlos Fernandes, numa primeira fase o projeto da IP para a Alta Velocidade “vai permitir que numa primeira fase os comboios que chegam vindos de sul à estação de Campanhã possam servir serviços da linha do Minho, e depois da primeira fase da ligação Porto – Vigo”, indo também a Braga e Valença.
O responsável da IP relembrou ainda a intenção de conectar a estação de Campanhã ao aeroporto Francisco Sá Carneiro através de uma “ligação desnivelada”.
“É o primeiro passo para a ligação até ao aeroporto Francisco Sá Carneiro e Braga, e depois de Braga a Vigo, e aí ficamos com um corredor integral em ata velocidade, desde Lisboa à Corunha servindo toda esta região, uma região com mais de 10 milhões de habitantes”, prosseguiu.
Um dos “grandes objetivos” da IP com a requalificação da infraestrutura é “dar uma nova imagem à estação” e “requalificar a atual estação de Campanhã”, bem como “reforçar a integração do modo ferroviário de alta velocidade e convencional com o conjunto dos outros modos”.
O objetivo é integrar todos os meios “em articulação com o PDM [Plano Diretor Municipal], pensar nas acessibilidades, pensar no desenvolvimento de toda a envolvente”.
Para tal, a IP contará com a colaboração da Câmara do Porto e do arquiteto catalão Joan Busquets, que conceberá o plano para toda a zona de Campanhã.
“Fizemos uma série de hipóteses e conceitos para discutir e apresentar, como um sistema aberto, mas parece-nos que, sem dúvida, que uma estação-ponte, que olhe para nascente, permitiria, provavelmente, acrescentar a Campanhã outro elemento, outra qualidade, que hoje em dia não tem”, disse o arquiteto.
Em causa está uma passagem superior entre as linhas ferroviárias apresentada pelo arquiteto hoje na Sala das Sessões dos Paços do Concelho.
“Isto pode-se construir mantendo todos os elementos existentes atuais, e permitir o desenvolvimento ligado à estação na parte nascente”, defendeu o arquiteto.
O ministro João Galamba referiu que se vai “criar cidade à volta da estação de Campanhã, de ambos os lados da linha férrea, numa nova centralidade com diferentes usos e serviços, muito além do mero interface de transportes”.
Por seu lado, Rui Moreira afirmou que “Campanhã não voltará a estar à margem do resto da cidade”, e “a linha de caminho-de-ferro que atravessa a freguesia vai deixar de ser uma barreira para se tornar um horizonte de mudança”.