Uma gravidez trigemelar é sempre rara, ainda mais quando se trata de uma situação espontânea, sem recurso a tratamentos ou sequer uma planificação. Mas aconteceu na manhã de ontem (quinta-feira), no Hospital de Santa Luzia (ULSAM), em Viana do Castelo.
Preciosa Branco, de 37 anos e enfermeira de profissão, é uma mãe babada. Em conversa com O MINHO, adiantou que Margarida, com dois quilos, Vicente, com 1,8 quilos e Alice, com 1,3 quilos, encontram-se bem, ainda internados no serviço de neonatologia, mais para “verificar os sinais vitais” e porque um parto de três gémeos nunca é ‘pêra doce’.
Quando o casal – o marido é César Queirós, de 43 anos – , residente em Cabreiro, Arcos de Valdevez, decidiu ter o terceiro filho para fazer companhia ao Afonso (cinco anos) e ao Gabriel (dois anos e meio), nunca esperou que o sonho de aumentar a família saísse a triplicar.
“Decidimos ter um terceiro filho e até comprámos um carro recentemente, de cinco lugares, mas às 12 semanas da gravidez, em 26 de abril, na primeira consulta, o médico disse: olhe, estão aqui duas cabeças! Está aqui outra! – e foi aí que ficámos a saber que estávamos à espera de três [filhos]”, contou Preciosa.
Não é que seja um grande transtorno, adianta, mas já obriga, por exemplo, a vender o carro recentemente comprado, porque passa a ser uma família de sete. “Temos de encarar sempre que é aquilo que nos puseram na vida. O meu marido inicialmente ficou a digerir, mas depressa percebemos que as coisas se podem levar bem”, acrescentou a enfermeira, agora mãe de cinco.
Preciosa explica que o nascimento de gémeos é algo que já ocorreu na família, dando como exemplo alguns tios. “Fui ‘herdar’ da minha avó”, disse, sorridente.
Esta sexta-feira, encontra-se internada em Obstetrícia, e deverá contar em breve com Margarida, que já não está a utilizar soro e alimenta-se do leite da mãe.
“Se não existir nenhuma intercorrência, a Margarida ficará brevemente aos meus cuidados, já quanto aos outros é um dia de cada vez, porque há sempre risco de infeção, e como são ainda muito indefesos, a imunidade é baixa e estão em risco”, explicou.
O percurso da gestação não foi fácil. Às 23 semanas de gravidez, Preciosa necessitou de ficar internada precisamente em Viana, onde ocorreu o parto. Depois, por causa do risco de as crianças nascerem prematuras, foi transferida para o Hospital da Senhora da Oliveira, em Guimarães, onde permaneceu sob os cuidados da Obstetrícia durante quatro semanas, tendo depois regressado a Viana para o parto.
“De todas as equipas que passaram por mim, só tenho a dizer que temos excelentes profissionais no nosso país, e só é pena não darmos o verdadeiro reconhecimento que eles merecem”, afirmou, a propósito do chorrilho de problemas ocorridos nestes serviços do SNS que levaram, inclusive, à demissão da antiga ministra da Saúde e de todo seu gabinete.
“Divulgámos tão más noticias, mas os cuidados que fui partilhando com outras grávidas que estão internadas demonstram que o nosso serviço é de qualidade, só é pena a falta de reconhecimento profissional, desde a simples funcionária da limpeza até ao grau mais diferenciado”, concluiu.