O ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, demitiu o guarda Carlos Lima, da GNR de Braga, condenado recentemente a quatro anos e quatro meses de prisão efetiva, mas suspensa por igual período, aplicada pelo Tribunal de Braga, por crimes de perseguição a três magistrados que intervieram numa sua anterior pena, na Comarca de Vila Verde.
Segundo apurou O MINHO, o ex-militar da GNR, na sequência da demissão da GNR, reativou a sua página de Facebook intitulada “Hibrahim Carolus”, onde promete seguir com atenção a atividade da justiça na Comarca de Vila Verde, tendo colocando na praça pública os nomes de todos os atuais magistrados, quer os da judicatura, quer os do Ministério Público.
“De alguma forma reconquistei o direito a entrar e a permanecer sempre que quiser num espaço público e aberto ao público, que devia ser garante da legalidade e democracia do concelho onde vivo, o que nem sempre aconteceu na última década”, escreve o ex-guarda Carlos Pereira Lima na referida página.
O ex-GNR, entre outras obrigações cujo eventual não cumprimento revogaria então a suspensão da sua pena de prisão efetiva, não pode aproximar-se a menos de 200 metros do Palácio da Justiça de Vila Verde, nem contactar por qualquer modo direta ou indiretamente com as vítimas das perseguições, a juíza e os magistrados do Ministério Público.
Aquando das alegações finais do seu principal julgamento, na Instância Central Criminal de Braga, Carlos Pereira Lima disse “estar arrependido” dos seus atos e pediu publicamente desculpas aos magistrados ofendidos, disponibilizando uma verba de dez mil euros para os ressarcir dos danos, tendo o Tribunal Coletivo aplicado essa quantia com indemnizações.
Carlos Pereira Lima, de 38 anos, solteiro, natural e residente no concelho de Vila Verde, estava já colocado no Comando Territorial da GNR de Braga, aquando das perseguições a uma juíza e a dois procuradores da República, crimes cometidos dentro e fora do Palácio da Justiça de Vila Verde.
Suspenso já pelo Comando-Geral da GNR, o guarda Carlos Lima viu agora o próprio ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, aplicar-lhe a pena disciplinar, que é a máxima, “desligado do serviço”, novo eufemismo para designar a expulsão, isto é, a sua demissão definitiva, não só da Guarda Nacional Republicana, como ainda de toda a função pública.
Carlos Pereira Lima tinha sido desarmado de ambas as pistolas, a de serviço e a particular, logo na altura em que a GNR o suspendeu, ainda antes de ter cumprido cinco meses em prisão preventiva na Casa de Reclusão Militar de Tomar e ser condenado pelos crimes de perseguição a uma juíza e a dois magistrados do Ministério Público, na Comarca de Vila Verde.
Desde que foi condenado num processo criminal pelo Tribunal de Vila Verde, passou a perseguir a juíza que o condenou e ainda os dois procuradores da República que acompanharam o caso, interpelando-os dentro e fora do Palácio da Justiça, inclusivamente num restaurante onde almoçavam e no percurso do parque de estacionamento dos magistrados, conforme ficou provado, pela Instância Central Criminal de Braga, em acórdão de 18 de maio de 2022.
Entretanto, a 06 de julho de 2022, Carlos Lima foi novamente condenado, mas desta vez em Vila Verde, por incidentes ocorridos à porta de uma empresa de Atiães, concelho de Vila Verde, em 11 de abril de 2018. Nessa situação, envolveu-se numa cena de pancadaria com um vizinho e dois funcionários, com quem os quais já tinha problemas, relacionados com uma dívida de 100 mil euros ao seu pai, por parte do dono de um posto de abastecimento de combustíveis.
Carlos Lima tem referido nos seus julgamentos ser “injustiçado” nos processos em que foi arguido, daí a sua “revolta” e o apelo que faz agora através da página de Facebook: “Vamos todos enquanto comunidade estar atentos as investigações e acusações efecutadas [por todos os novos magistrados na Comarca de Vila Verde]”.