Com o corpo em Braga mas com coração na Ucrânia. Cerca de 80 refugiados da guerra na Ucrânia reuniram-se em Braga para, por breves momentos, poderem esquecer um pouco do stress provocado pela invasão russa no país ao qual querem, na sua grande maioria, regressar brevemente.
A iniciativa surgiu do Colégio Luso-Inglês de Braga (CLIB), e da sua diretora Helena Pina Vaz, e teve apoio da Associação Centro Social e Cultural Luso-Ucraniano e de uma entidade privada.
No passado sábado, um total de 150 pessoas, na sua grande maioria pessoas deslocadas da Ucrânia que vivem atualmente em diversos locais da zona Norte do país, puderam comer pratos típicos ucranianos e até recordar algumas das músicas mais populares daquele país, graças à solidariedade do CLIB e até de um músico – Maxim – que cantou com outros grupos portugueses durante o convívio.
Mas o momento mais aguardado foi mesmo o almoço, como explicou a O MINHO o padre Vasyl Bundzyak, assessor da direção da associação luso-ucraniana que colaborou no evento. “Mulheres e crianças que chegaram há pouco tempo a Portugal puderam comer comida típica ucraniana, e também portuguesa, e foi uma forma calorosa de fazer com que sentissem um pouco que estavam na Ucrânia, mesmo que em Braga”, salientou.
Vasyl destacou ainda a presença de alguns elementos que se dedicaram a fornecer informação relativamente aos direitos que os deslocados da Ucrânia têm e tudo aquilo que precisam de fazer para uma melhor adaptação ao funcionamento burocrático de Portugal.
Os ucranianos, vindos sobretudo de zonas como Braga, Porto ou Trofa, puderam, por momentos, “tirar um pouco do stress de guerra, sobretudo quando ouviram musica ucraniana, pois até começaram a cantar, famílias inteiras, e conseguiram esquecer um pouco a guerra”, contou a O MINHO o padre Vasyl. “Senti que aquelas pessoas ficaram muito contentes”, concluiu.
Cerca de 4,6 milhões de pessoas fugiram da Ucrânia desde a invasão da Rússia, em 24 de fevereiro, mais de metade das quais foram recebidas pela Polónia, anunciou hoje o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados.
Cerca de 90% dos que fugiram da Ucrânia são mulheres e crianças, já que as autoridades ucranianas não permitem a saída de homens em idade militar.
De acordo com dados da OIM divulgados em 05 de abril, o número de deslocados internos ascende a 7,1 milhões, o que significa que o total de ucranianos que fugiram de suas casas devido à invasão da Rússia já ultrapassa 11,7 milhões de pessoas.
Antes do conflito, a Ucrânia era povoada por mais de 37 milhões de pessoas nos territórios controlados por Kiev – entre os quais não se incluem a Crimeia (sul), anexada em 2014 pela Rússia, nem as áreas a leste sob controle dos separatistas pró-russos há oito anos.
A ofensiva militar lançada pela Rússia na Ucrânia já matou pelo menos 1.842 civis, incluindo 148 crianças, e feriu 2.493, entre os quais 233 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
Esta é a pior crise de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945) e as Nações Unidas calculam que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
Com Lusa.