O prémio Vida Literária Vítor Aguiar e Silva, no valor de 20 mil euros, foi atribuído ao ensaísta e tradutor João Barrento, promotor de “singular iniciativa cultural”, anunciou hoje a Associação Portuguesa de Escritores (APE).
A primeira edição desta iniciativa, relativa ao biénio 2020/2021, e iniciativa conjunta da APE com a Câmara Municipal de Braga, distinguiu João Barrento, elegendo-o por unanimidade do júri, constituído pela direção.
“Considerando o percurso notável do autor, seja nomeadamente enquanto académico e cronista no espaço mediático ao longo de muitos anos, seja pelo brilho incomum das suas traduções de grandes poetas (Hölderlin, Goethe, Walter Benjamin entre outros) e da ação no Espaço Llansol, a todos os títulos modelar”, João Barrento “é uma personalidade maior da cultura portuguesa contemporânea”, considerou o júri na justificação para atribuição do prémio.
No início de julho do ano passado, a APE lançou, em Braga, a primeira edição do Prémio Vida Literária Vítor Aguiar e Silva, a ser atribuído de dois em dois anos.
Na altura, o presidente da APE, José Manuel Mendes, explicou que o objetivo da iniciativa era “recolocar” o Prémio Vida Literária “num lugar mais forte e marcante”, atribuindo-lhe o nome de Vítor Aguiar e Silva, vencedor da edição 2020 do Prémio Camões.
“O prémio vai distinguir poetas, ficcionistas e ensaístas de topo, de consagração plena, no quadro da cultura portuguesa”, referiu, então.
Este prémio não tem candidaturas, sendo o vencedor eleito pelo júri.
Anteriormente, quando se designava apenas Vida Literária, o prémio foi atribuído a autores como Miguel Torga, José Saramago, Eugénio de Andrade, Sophia de Mello Breyner Andresen, Óscar Lopes, José Cardoso Pires, Urbano Tavares Rodrigues, Mário Cesariny de Vasconcelos, Vítor Aguiar e Silva, Maria Helena da Rocha Pereira, João Rui de Sousa, Maria Velho da Costa e Manuel Alegre.
Nascido em 1940, João Barrento licenciou-se em Filologia Germânica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, tendo elaborado uma dissertação sobre a obra do dramaturgo inglês Harold Pinter (“Entre a Palavra e o Gesto. Interpretação do Teatro de Harold Pinter”).
De 1965 a 1968, foi leitor de Português na Universidade de Hamburgo e, mais tarde, leitor de Alemão na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, tendo-se tornado tradutor literário de língua alemã.
De 1986 até se aposentar, foi professor de Literatura Alemã e Comparada na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
Traduz literatura e filosofia de língua alemã, tendo traduzido e prefaciado dezenas de autores de língua alemã, da Idade Média à atualidade, particularmente de poesia moderna e contemporânea, além de obras de ficção, filosofia e teatro.
Ao longo da vida foi distinguido com vários prémios, nomeadamente o Calouste Gulbenkian da Academia das Ciências de Lisboa para a Tradução de Poesia, o Grande Prémio de Tradução do PEN Clube Português/Associação Portuguesa de Tradutores (pela obra de Goethe e pela tradução integral de “Fausto”), o Prémio de Ensaio Jacinto do Prado Coelho e o Prémio D. Dinis, da Fundação da Casa de Mateus.