O Estado não paga há vários meses à Comissão Diretiva dos Baldios de Gondiães, Cabeceiras de Basto, e, por isso, este organismo não consegue liquidar, há um ano, o ordenado aos dois trabalhadores que tem há mais de 30 anos.
Alice Alves, presidente da Assembleia de Baldios de Gondiães, Cabeceiras de Basto justifica o não-pagamento, há um ano, do trabalho prestado pelos dois funcionários, facto que levou duas mulheres a entraram em greve de fome, em plena rua, exigindo o pagamento.
A responsável afirma que os Baldios locais têm a receber 60 mil euros do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), que está quase um ano atrasado, e que, o organismo estatal não desbloqueia, apesar dos pedidos feitos insistentemente nesse sentido.
“Quer eu quer o presidente do Conselho Diretivo dos Baldios já dispusemos, do nosso bolso, com mil euros cada um para tentar atenuar a situação”, salienta, garantindo que os Baldios não têm outra fonte de receita que não a da venda de madeira, mas o ICNF retém o dinheiro.
Ontem, pelo meio dia, as duas mulheres, casadas com dois funcionários, entraram em greve de fome exigindo o pagamento dos ordenados e garantindo que estão “na miséria”.
À noite desistiram do protesto
“O presidente dos Baldios Domingos Alves garantiu-nos que pagava segunda-feira os salários em atraso aos nossos maridos, e o da Junta de Freguesia, Manuel Ramos assegurou que, se isso não acontecesse ele resolveria o caso para que não passássemos fome”, disse a O MINHO, uma das “grevistas” Fátima de Jesus Fortuna, de 56 anos.
A cidadã cabeceirense, que entrou em greve com uma cunhada, salientou que, ontem à noite, o presidente do Conselho Diretivo lhes garantiu que iria hoje ao Porto, para desbloquear a verba que o organismo tem a receber do Estado e que, por isso pagaria, segunda-feira.
“Acabamos por aceitar a promessa, mas não entendemos porque é que isso não foi feito antes, deixando-nos no desespero”, acrescentou, sublinhando que, nos últimos 17 meses o Baldio apenas pagou quatro mil euros ao cônjuge, ou seja, cerca de quatro meses.
E sublinha: “Já se estava a gerar uma grande discussão no local e, eu, como sou doente, não aguento, pelo que desisti da greve”.