Na noite passada, foram colocadas duas faixas, no viaduto pedonal que liga a zona da avenida Dr. Alfredo Pimenta ao estádio D. Afonso Henriques, em Guimarães, em protesto contra o Cartão do Adepto. “De que lado vais ficar? Não sejas um dos 700”, lia-se nas duas bandas.
O protesto surge numa altura em que no estão registados no Portal do Adepto 648 adeptos e alguns dias depois de, a 6 de fevereiro, o Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa confirmar a legalidade do Cartão do Adepto, que permite acesso às zonas das claques nos estádios.
A criação do Cartão do Adepto foi uma das alterações ao regime jurídico da segurança e combate ao racismo, à xenofobia e à intolerância nos espetáculos desportivos, aprovadas pela Assembleia da República e publicadas em setembro de 2019.
Segundo o Governo, o Cartão do Adepto, visa a “promoção da segurança e do combate ao racismo, à xenofobia e à intolerância nos espetáculos desportivos”. É o que se lê na portaria que o regula, publicada em Diário da República em 26 de junho de 2020. O Governo emitiu uma nota em que defende que este documento “permite o registo e a identificação dos seus titulares para efeitos de dimensionamento e gestão do acesso às zonas com condições especiais de acesso e permanência de adeptos”.
A 04 de novembro de 2020, a Associação Portuguesa de Defesa do Adepto (APDA) anunciou a apresentação de uma intimação para declarar o documento ilegal, por considerar que esta legislação “bloqueia desproporcionalmente direitos, liberdades e garantias fundamentais dos adeptos” e que o faz de uma forma “flagrantemente inconstitucional”.
O problema volta agora a emergir porque, a 06 de fevereiro, o Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa confirmou a legalidade do Cartão do Adepto, que permite acesso às zonas das claques nos estádios.
Protestos contra o Cartão do Adepto tem acontecido um pouco por todo o país, liderados pelos grupos de adeptos organizados. Estes adeptos sentem-se estigmatizados e, em declarações à imprensa já houve quem comparasse o Cartão do Adepto à colocação de um chip em cães perigosos.
Para o Iniciativa Liberal único cartão necessário é o de cidadão
O Iniciativa Liberal (IL) anunciou, na quinta-feira, dia 11, que vai propor o fim do Cartão do Adepto na Assembleia da República. Para o IL trata-se de uma medida “ineficaz”, os liberais afirmam que único cartão necessário é o “cartão do cidadão”.
O IL refere que a medida serve para “dar a ideia de que se está a fazer alguma coisa em relação ao problema da violência no desporto”.
“Mais uma jogada de propaganda, que mistura realidades de diferentes adeptos e clubes, que proíbe a fruição do desporto em família, que complica as deslocações a jogos fora e que, de uma forma marcada, burocratiza o desporto”, acrescenta.
Para o IL o único cartão necessário já existe: “É simples, seguro e todos o têm: é o cartão de cidadão. A par do bilhete de jogo, deve ser o único cartão necessário”.