João Carlos Pinto é performer, construtor de instrumentos eletrónicos e compositor. Abraçou a música desde criança, guiado pelos pais, para na adolescência traçar um rumo próprio. Hoje é profissional da música, escrevendo um currículo vasto com atuações em Portugal e no estrangeiro. Conta ainda com dois prémios, “City to City: Human Responsability” da UNESCO e “Tubo de ensaio 02” da Arte no Tempo, em parceria com outras instituições. Em 2019 foi selecionado como Jovem Compositor Associado aos Estúdios Victor Córdon.
Nasceu no ano de 98, em Areal de Cima, em Braga. Aos 6 anos, foi matriculado pelos pais no conservatório Calouste Gulbenkian. Estudou música, instrumento, piano. Desde criança a música penetrou-lhe no ADN. Tardes de domingo em torno do piano e longos banhos a ensaiar a voz para os musicais escolares, ritmos criados ao almoço com garfos, copos e pratos, transformaram-se em rotinas criativas. No nono ano, esteve para optar por ciências e tecnologias, mas o professor de composição da Gulbenkian, Paulo Bastos, mentor reconhecido até hoje, influenciou-o a seguir composição e a estudar música no secundário. A família duvidou, mas acabou por apoiar.
O ensino secundário em música apaixonou-o pela arte e as oportunidades foram surgindo. Musicais no Theatro Circo, contactos no meio da música e masterclasses, com profissionais de qualidade, definiram o percurso evolutivo do compositor. Universidade, matriculou-se na Escola Superior de Música de Lisboa. A entrada no ensino superior representou um boom na carreira do compositor: “Os professores foram muito bons e Lisboa deu-me uma excelente abertura cultural para poder crescer. As oportunidades, que a cidade me ofereceu, foram tanto ou mais importantes do que a universidade”.
A profissionalização no meio da música, enquanto compositor, construtor de instrumentos e performer, sucedeu-se organicamente. No último ano de licenciatura as oportunidades surgiram em força. Dos trabalhos enquanto compositor, João escreveu peças para algumas das principais casas culturais do país, como a Casa da Música. Desafiado por um amigo, Pedro Melo Alves, iniciou-se na música eletrónica enquanto performer, atuando de Norte a Sul do país e no estrangeiro, nomeadamente em Berna, na Suíça, com o projeto “Caco Meal”.
A família e os amigos sempre o apoiaram no caminho da música erudita. O artista sente, no entanto, que é difícil explicar ao grande público, o trabalho por si desenvolvido, “nunca me levam a sério, a cultura em Portugal não é valorizada, nem respeitada o suficiente”, relativiza, bem-humorado, o jovem compositor.
Desde março, alvores da crise pandémica, os concertos ou performances foram quase todos cancelados ou adiados. No que toca a compor, não se pode queixar do número de encomendas, que têm crescido. Nesse sentido, acredita-se uma exceção à regra.
“Só compomos a próxima peça, porque não gostamos da última que escrevemos”. É o mote que faz a promessa da música erudita, bracarense, caminhar, para palcos cada vez mais promissores.