Declarações dos treinadores após o jogo entre Vizela e Benfica (1-2), para a quarta eliminatória da Taça de Portugal de futebol, disputado em Vizela:
– Álvaro Pacheco (Treinador do Vizela): “Estou muito orgulhoso dos meus jogadores. Estivemos fiéis ao nosso ADN e fomos capazes de nos batermos com os melhores. Tivemos uma equipa a discutir o jogo, sempre em busca de o ganhar. O Benfica nunca teve jogo interior. Com um jogador a menos, fomos baixando um bocado as linhas. Sabemos que o Benfica gosta de nos atrair à pressão para depois criar espaço e ter os pontas de lança a procurar a rotura nas costas da defesa. Fizemos um jogo perfeito. Os nossos jogadores estão de parabéns.
Mesmo a jogar a menos, jogámos sempre com critério. Com 11, jogámos sempre com dois médios atrás do ponta de lança. Foi pena não conseguirmos passar a eliminatória, até por estes adeptos fantásticos que nos apoiaram durante todo o jogo e que nos fizeram acreditar que era possível seguir em frente. Pensei que iríamos estar em minoria [na bancada], mas esta cidade e este povo são fantásticos. Gostam muito do clube.
Já disse aos meus jogadores que temos de estar orgulhosos do que fizemos, mas, se queremos marcar a diferença, temos de apresentar a mesma atitude já no próximo jogo.
Vizela pôs o Benfica em sentido mas caiu da Taça de Portugal aos pés do campeão nacional
A expulsão condicionou o jogo. O segundo amarelo é bem mostrado, mas o primeiro não. Uma escorregadela de um jogador do Benfica deu amarelo. Na segunda parte, um lance semelhante não teve o mesmo critério. Faz parte. Tenho pena que o jogo não tenha sido disputado de 11 para 11. Se fosse assim, provavelmente estaríamos aqui a falar de outro resultado.
Ao jogamos contra o campeão nacional, poderia haver um fator inibidor, como o medo. Olhámos para este jogo como uma oportunidade muito grande de jogar com os melhores e de mostrar a nossa qualidade. Temos jogadores para outros patamares. Na exibição, fomos melhores do que o Benfica. No resultado, não é assim.
Concordo [que o Vizela já é grande demais para o Campeonato de Portugal]. De há dois anos e meio para cá, o Vizela está sempre no primeiro lugar [da Série A], mas, pelo formato da competição, não tem conseguido subir. Até pelo trabalho da administração, o clube merece outros patamares. Mudámos seis jogadores face ao último jogo e o ADN esteve lá. As tarefas individuais e coletivas estão plenamente identificadas pelo plantel”.
– Bruno Lage (Treinador do Benfica): “Sabíamos que ia ser um jogo muito difícil. Estávamos preparados para isso. É sempre difícil reentrar nas competições, com muitos jogadores fora na paragem. Estávamos preparados para um adversário não só forte nas transições, mas também com um ataque muito forte à profundidade. Entrámos bem no jogo, com futebol rápido de um lado e do outro, mas surgiu o golo e o Vizela ficou confortável.
Tivemos de fazer pela vida, de procurar os espaços a jogar contra 10, para fazer os golos e seguir em frente. Sabíamos que teríamos um jogo difícil e de apelar às nossas forças para seguir em frente na competição.
[Problemas na] atitude? Vimos a equipa a tentar correr, mas não tivemos o espaço que queríamos. Jogámos muitas vezes para o pé dos avançados. Não foi uma questão de atitude e de meter o pé. A equipa lutou e trabalhou.
Todos os jogos têm desgaste. Se recuarmos há 30, 40 ou 50 anos, o problema do desgaste estava associado aos jogos da Taça. Encontrei há pouco o André Soares [médio do Vizela], um jogador extraordinário que poderia ter integrado a equipa B, se ela existisse há mais anos. O Vizela tem jogadores que já jogaram na I Liga. Já joguei nestas divisões e há equipas fantásticas, com organização tremenda.
Não podemos individualizar [os erros da equipa]. O mais importante é o que fazemos no todo. O Gabriel é um médio que joga para a frente e os médios que jogam para a frente falham mais. Aconteceu no último jogo e hoje. Procurámos um jogo mais curto entre médios para depois explorar os corredores. Como temos um médio com qualidade a virar o jogo, por vezes falha, mas ele também vai acertar.
Já tive oportunidade de felicitar o Jorge Jesus [pela conquista da Taça dos Libertadores, pelo Flamengo]. De há 20 anos a esta parte, os treinadores portugueses têm feito grandes trabalhos pela Europa fora. Agora é no Brasil. O campeonato [do Brasil] está praticamente ganho e agora consegue a Libertadores. É um feito fantástico para a carreira dele, que poderá abrir portas aos treinadores portugueses”.