O projeto-piloto “O Ave para Todos”, desenvolvido pela Câmara de Guimarães, quer “proteger e defender” a bacia hidrográfica daquele rio, através do “envolvimento da população”, assentando em três eixos, Educação e Sensibilização Ambiental, Investigação e Desenvolvimento e Comunicação.
Apresentado esta manhã, o projeto, desenvolvido no âmbito da Estrutura de Missão para o Desenvolvimento Sustentável – Guimarães 2030, a ser implementado pelo Laboratório da Paisagem, quer ainda dar resposta “a uma fragilidade” apontada a Guimarães, no âmbito da candidatura a Cidade Verde Europeia 2020.
O projeto envolverá 24 escolas, 14 juntas de freguesia e sete brigadas verdes, 100 ações de formação e 11 ações teóricas.
“Na nossa candidatura a Cidade Verde Europeia, na classificação que obtivemos (…), houve uma área que justamente, ou injustamente, (…) foi apontada como fragilidade: a nossa bacia hidrográfica”, explicou o presidente da Câmara de Guimarães, Domingos Bragança.
Segundo o autarca, “os rios foram afastados do vínculo afetivo [da população], muitas dezenas de anos, e a bacia hidrográfica de Guimarães, “nomeadamente do rio Ave, precisa muito de ser protegida e defendida”, porque é um “bem natural, o património natural”, e “um bem comum”.
“Não há interesse nenhum que se possa sobrepor, daí que tudo tem o que ser feito, tendo em conta que o rio tem que ser protegido”, contextualizou, assim, o projeto apresentando, que assenta em três eixos: “Educação e Sensibilização Ambiental, Investigação e Desenvolvimento e Comunicação”, enumerou.
Segundo explicou a autarquia e os técnicos responsáveis pelo projeto, “a primeira fase do projeto ‘O Ave para Todos’, envolve principalmente as juntas de freguesia e escolas mais próximas do rio Ave em termos de localização”.
Quanto ao primeiro eixo, Educação e Sensibilização, estarão envolvidas juntas de freguesia, brigadas verdes e escolas com influência direta do rio Ave, num total de 24 escolas, 14 juntas de freguesia e sete brigadas verdes.
O objetivo principal “é estabelecer uma ligação sentimental entre o cidadão e o rio”, pelo que está a ser desenvolvido no Laboratório da Paisagem e, no seio da Estrutura de Missão Guimarães 2030, um programa que inclui um “conjunto de formações teóricas e práticas, baseadas na premissa de que uma população devidamente formada torna-se mais crítica e atenta às problemáticas do rio, atuando em conformidade”.
No total, estão previstas 100 ações de Educação Ambiental nas escolas, e para as juntas de freguesia e brigadas verdes envolvidas serão realizadas 11 ações teóricas em áreas diferenciadas como ambiente urbano, ecologia, valor de paisagem, fiscalização, entre outras temáticas, com a participação de entidades creditadas como a Agência Portuguesa do Ambiente, Vimagua, Câmara Municipal de Guimarães e investigadores do Laboratório da Paisagem.
Será ainda criada uma “lista de verificação”, a ‘Ave.Watching’, para avaliar avaliação do grau de alteração do leito e das margens do rio de uma forma abrangente, assinalando aspetos tais como:
Os resultados vão permitir “um conjunto de ações e medidas com o objetivo de melhorar a qualidade ambiental, segurança e bem-estar das populações” como ações de limpeza, reflorestação, criação de infraestruturas de apoio e sinalética.
No segundo eixo, Investigação e Desenvolvimento, o objetivo principal é “gerar, transferir e aplicar conhecimento para a gestão eficiente dos recursos hídricos, de forma a proteger a sua biodiversidade”.
A autarquia defende que “para que não haja uma maior degradação do rio Ave e seus afluentes, são necessárias medidas de mitigação e restauração ecológica”, até porque, salientou o autarca, “o rio Ave não é só Guimarães”.
Segundo foi explicado, em “O Ave para Todos” estas medidas “resultam de processos metodológicos científicos e precisos”.
Será utilizada uma “abordagem holística, multidisciplinar e dinâmica, contando com a cooperação e envolvimento da comunidade científica, entidades governamentais, autoridades locais e todos os vimaranenses”.
Assim, neste eixo, a autarquia quer “avaliar a qualidade biológica, físico-química e hidromorfológica do rio Ave, identificar, georreferenciar e caracterizar obstáculos e potenciais focos de contaminação, desenvolver procedimentos de suporte à tomada de decisões, com base em informação científica e propor medidas de mitigação e restauração ecológica do rio Ave, incentivando práticas de cidadania participativa”.
Quanto à comunicação, defende Guimarães que o projeto “é um processo transparente de fazer e comunicar ciência em prol da comunidade”.
O autarca lembrou ainda que Guimarães não desistiu de ser considerada cidade Verde Europeia.
“Neste processo de desenvolvimento sustentável, voltaremos a Cidade Verde, ficamos em 5.º [na eleição para 2020] mas lutamos para o 1.º lugar no futuro e, sabendo nós que esta área foi considerada frágil, estamos a trabalhar intensamente para corrigir, aperfeiçoar, termos as melhores práticas para a defesa da bacia nossa hidrográfica”, resumiu.