Um grupo de ativistas fez esta segunda-feira, em Braga, uma performance para “chamar a atenção” para “o flagelo” da violência doméstica, apelando à denúncia e deixando uma “mensagem de esperança” de que “há ajuda e alternativa”.
Em declarações à Lusa, ao final da tarde, a responsável da União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR), que organizou ação, Ilda Afonso, explicou que considerar a violência domestica um crime público “não é suficiente”, é preciso ainda “mudar mentalidades”.
“Não basta mudar a lei. Desde 2000 que [a violência doméstica] é um crime publico, mas é preciso que as pessoas façam a sua parte no combate a este tipo de flagelo, de crime, que denunciem, que não fiquem calados, que não ignorem, que chamem a polícia”, apelou.
Para a ativista, o alerta “é essencial” no combate à violência doméstica: “Mesmo que não haja denúncia da vítima naquele momento, a ocorrência fica registada e quando aquela vitima tiver coragem isso vai contar. Se há sempre silencio e depois só uma denúncia é mais difícil haver condenações”.
Ilda Afonso criticou ainda os “poucos” casos de prisão efetiva por violência doméstica que se registam: “Temos poucas condenações e a esmagadora maioria com penas suspensas”, apontou.
Com a performance desta tarde, na qual foram ditos os números de mulheres mortas em contexto de violência doméstica desde que foi criado, há 13 anos, o Observatório das Mulheres Assassinadas (OMA), a UMAR quis, explicou, “chamar a atenção” mas também “deixar uma mensagem de esperança” às vítimas.
“É preciso mobilizar a sociedade para o apoio às vítimas e ele existe, é preciso que estas vítimas saibam que há ajuda, há alternativa”, salientou.
No entanto, Ilda Afonso alertou para a necessidade de mais estruturas de apoio: “Se calhar precisávamos de mais, ainda existem poucas respostas, principalmente no interior do país, é preciso um investimento do Estado nesse sentido”, apelou.
O OMA contabilizou desde a sua fundação mais de mil femicídios (475 consumados e 562 na forma tentada).
Em Portugal, em 2017, foram registadas, segundo a UMAR, vinte e duas mil setecentas e setenta e três ocorrências de violência doméstica:
“Estas fazem parte da zona visível deste flagelo e correspondem à ponta do iceberg da violência vivida dentro do espaço doméstico, na sua esmagadora maioria pelas crianças, pelas mulheres e pelos idosos”, salientou.