O Tribunal de Braga vai julgar 14 pessoas, 13 homens e uma mulher, todos de Barcelos, acusados de mais de 20 ocorrências criminosas, praticadas entre 2022 e 2023 na cidade, com vários episódios de violência quer contra pessoas quer contra bens patrimoniais.
A acusação do Ministério Público, confirmada agora pelo Tribunal de Instrução, concluiu que os dois principais arguidos, Ricardo M. e Bruno M., supostamente chefes de “um bando com cinco membros principais – todos na casa dos 22 anos de idade, praticaram, respetivamente 27 e 23 crimes, entre os quais os de extorsão, ameaça agravada, roubo, furto qualificado e posse de arma proibida”.
A acusação diz que houve confrontos entre dois grupos rivais e que a maioria visou agredir uma pessoa, João C. (de alcunha o “Diabo”), ou outras das suas relações, assim como causar danos em estabelecimentos frequentados por ele.
Como forma de exponenciar o clima de medo – sublinha o MP – e criar uma imagem intimidatória, alguns elementos do grupo exibiam armas de fogo e proferiam ameaças nas redes sociais, “o que levou a que muitas das suas vítimas tivessem receio de relatar os factos de que foram alvo”.
Os arguidos furtavam veículos, assaltavam gasolineiras, armazéns e estaleiros de obras, mas também roubaram pessoas, sequestrando uma e agredindo outras.
Sequestro e ameaça de “matar o preto”
O MP conta que, em agosto de 2022, o arguido Nélson F. desconfiou que António C. estivesse envolvido no desaparecimento de 30 pedras de cocaína, razão pela qual lhe ligou dizendo que iria a sua casa deste, para esclarecer o assunto.
Quando o António chegou a casa em Galegos (Santa Maria), encontrou-o à porta e viu-se obrigado a deixá-lo entrar. Embora negasse o furto da ‘coca’, Nelson revistou-lhe a casa, bateu-lhe e saiu fechando a porta à chave, com ele dentro. Voltou, logo a seguir, com dois outros, um deles com uma corrente de ferro na mão. Os três agrediram a vítima, a murro e pontapé e com a corrente, deixando-o prostrado na cama. Partiram vários objetos e saíram levando outros.
À noite, procuraram-no, de novo, num café exigiram-lhe 300 euros pelo furto da droga e ameaçaram queimar-lhe a casa.
O MINHO contactou o advogado João Ferreira Araújo, de Braga, que defende dois arguidos, o qual disse, apenas, que espera que o julgamento se inicie brevemente, “para que possamos demonstrar que nada têm a ver com os factos da acusação.”
Briga com navalhadas
A acusação refere, ainda, quatro outros casos de violência, um deles, a 26 de agosto, de madrugada, no Jardim das Barrocas, depois de uma briga com cinco navalhadas num outro jovem, que já estava caído no chão, atingindo-o nas duas pernas.
Procuraram, ainda, um homem num café num centro comercial de Arcozelo, com quem tinham tido um desaguisado, dizendo que iam “matar o preto”, e disparando tiros para o ar, sabendo que havia crianças no local.
Agrediram e roubaram, em novembro, de noite, um homem que estava num carro na Rua das Torgas, em Barcelos, levando-lhe vários bens e obrigando-o a levantar 300 euros no multibanco.
Nesse mês, por vingança agrediram com paus e uma picareta, uma mulher e duas outras pessoas que acudiram para a ajudar.
Como O MINHO noticiou, destruíram, ainda, propositadamente, com paus e um taco de golfe, o automóvel de outra mulher, um BMW de matrícula francesa.
No dia 29 de Janeiro de 2023, às 04:40, quatro jovens ouviam música na Praceta Francisco Sá Carneiro. Dois dos arguidos, entretanto chegados, exigiram que desligassem a música, ao que não acederam. Chegaram, pouco depois, 13 outros membros do “bando” que, começando por cercá-los, desencadearam uma cena de pancadaria, com agressões a soco e pontapé, no rosto e no corpo, que resultaram num dente partido e várias lesões, obrigando a tratamento hospitalar. E roubaram um telemóvel da marca iPhone.