Barcelos: Vendiam “chouriça”, “cerveja” e “frango” que afinal era droga

Foto: Ilustrativa / Arquivo

O Tribunal de Braga vai julgar 12 arguidos, entre os quais cinco mulheres, de Barcelos, quatro deles em prisão preventiva e um em domiciliária, que integravam três redes “hierarquizadas e autónomas de tráfico de drogas, mas com relações mútuas, quer na venda de estupefaciente quer no encaminhamento de clientes/consumidores”.

A acusação do Ministério Público diz que as redes “Coopera”, “Areias” e “Águias” dedicavam-se cada uma delas, isoladamente ou em comunhão de esforços (neste caso, em função do tipo de produto), à venda de produto estupefaciente diretamente a consumidores ou a pequenos traficantes/consumidores.

Atuavam em Barcelos, Esposende e Braga, comercializando cannabis folhas/sumidades, canábis resina e cocaína em pó e em pedra.

Rede Coopera

Diz que a “Coopera” era assim denominada em virtude de o seu líder, o arguido Nelson F., efetuar maioritariamente as vendas junto à Cooperativa Agrícola de Barcelos, indicando aos seus clientes para se deslocarem à “Coopera”.

Esta rede contava, inicialmente, com a colaboração do pai do Nelson, Agostinho F., e, desde 2020, da arguida Susana F., e do arguido Jorge “Páscoa”, a quem era entregue o estupefaciente para armazenar.

A “Coopera” adquiria o cannabis e a cocaína em pó, entre outros, aos arguidos das redes Areias e Águias.

Saco de chouriça, cerveja ou frango

Depois de adquirirem o estupefaciente, os arguidos Nelson e Susana, da “Coopera” entregavam-no o mesmo, ao Jorge “´Páscoa”, que o guardava na sua residência, e o dividia em sacos de 10 pedras. Posteriormente, agrupava três sacos de 10 pedras dentro de um outro saco, totalizando assim 30 pedras, denominando este saco de “chouriça”, “cerveja” ou “frango”. Todos os dias, o Jorge “Páscoa” entregava parte dos sacos (em média 60 pedras, denominadas de duas “cervejas” ou “duas chouriças”), aos arguidos Nelson e Susana, para os venderem a retalho.

Rede Areias

O libelo acusatório sublinha que a rede “Areias”, assim denominada dado que o arguido Adélio E., residia na freguesia de Areias, contava com a colaboração, desde 2019, de Sara S., sua companheira, e, desde o verão de 2022 com a de Rafael P., e de duas mulheres de nome Ádila e Camila.

Rede Águias

Já a rede “Águias”, era assim chamada em virtude de os arguidos Diogo F. e Alexandra L., efetuarem entregas no campo de futebol do Águia do Neiva.

Para o efeito, o Adélio, adquiria a cocaína, em Espanha, onde se deslocava, uma ou duas vezes, por mês, trazendo pelo menos 500 gramas de cocaína, a 30 euros a grama. Depois disso, embalava a cocaína, em doses individuas, de um e de meio grama, para ser vendido aos consumidores. Inicialmente, vendia o grama a 50 euros, passando, em 2020, a 60. Os meios gramas eram vendidos a metade do preço.

O processo, que foi investigado pela GNR, tem 18 testemunhas – entre guardas e agentes da PSP de Braga, e cerca de 300 consumidores.

O MINHO contactou o advogado João Ferreira Araújo, que defende três membros da “Coopera”, o qual adiantou que discorda “frontalmente” da junção dos processos-crime das três alegadas redes, “por não haver ligações suficientes entre os arguidos que a sustentem”.

 
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