O mês de abril foi “bastante quente e normalmente chuvoso”, como avança o relatório mensal do Centro de Estudos Climáticos do MeteoFreixo, de Ponte de Lima.
O relatório, assinado por José Luís Fernandes e Gonçalo Sousa, refere que a temperatura média foi de 15,6º C, dando desvio de +2,5ºC. Os dias 12 e 24 foram os mais quentes, mas salientam que entre os dias 11 a 22, as temperaturas foram “completamente atípicas”.
Em termos de precipitação choveu 118 mm, sendo um desvio de -10% e classificado como “moderadamente seco a normal”. Destaca-se o período entre os dias 9 a 24, um intervalo significativo sem chover, “pouco comum” neste ano climático de 2024.
As previsões meteorológicas na região Minho é a “continuidade do tempo instável e fresco até ao final desta semana”, voltando o sol e tempo mais quente na próxima semana.
Segundo o termograma de abril destaca-se o período de 12 dias com “temperaturas médias muito elevadas para a época”, rondando os 20ºC.
Grandes amplitudes térmicas
Além disso, as temperaturas máximas do mesmo período (de 11 a 22) foram acima dos 25ºC, e chegando mesmo aos 30ºC no dia 12.
Por outro lado, este período também se caraterizou pelas noites frias, resultando em “grandes amplitudes térmicas que estão a afetar o ciclo vegetativo e antever quebras de produção agrícola”.
O acentuado arrefecimento noturno foi evidente no dia 09 com apenas 4,5ºC e no período de 27 a 29 com mínimas próximas de 5ºC.
O calor da segunda e terceira semana e o “frio tardio” da última semana de abril, definem um mês de grandes variações térmicas e que está a “desesperar” o setor agrícola. Ainda assim, abril registou uma temperatura média de 15,6ºC, um valor médio muito acima do normal (+2,5ºC).
O mais quente dos últimos sete anos
Numa análise comparativa feita pela MeteoFreixo, este abril de 2024 foi o mais quente dos últimos sete anos (comparação do mesmo mês desde 2018).
“Outro facto relevante na região Minho é a tendência de abril estar sucessivamente mais quente que normal da época”, acrescentam.
Precipitação “normal”
A precipitação total do mês de abril foi “relativamente normal” no seu quantitativo de 118 mm, apenas menos 10% e classificado como moderadamente seco.
“Apesar do quantitativo normal, o seu regime foi bastante irregular com precipitação moderada na primeira e última semana, enquanto as semanas intermédias foram totalmente secas. Apenas o dia 08 teve uma precipitação mais relevante com 35 mm. De salientar que o período seco do mês coincidiu com o período mais quente”, referem.
Na análise comparativa da precipitação de abril, nos últimos sete anos, este referente a 2024 apenas segue a tendência de ser o “quarto ano (de abril) sucessivo de ser mais seco ou moderadamente seco, face à normal”.
Na análise da anomalia termopluviométrica verifica-se que o ano climático 2024 na região Minho tem sido “bastante quente” (com exceção de março), mas também “relativamente chuvoso (com exceção deste mês de abril)”.
“Esta tendência dos meses bastante mais quentes que a normal é motivo de preocupação pois estivemos perante mais um inverno suave. As precipitações significativas dos últimos meses têm atenuado aquilo que poderia ser um ano climático muito difícil. No entanto, o inverno suave e húmido é favorável ao desenvolvimento da vegetação arbustiva, potenciando a matéria combustível de risco de incêndio rural (se os próximos meses forem secos)”, concluem.
O relatório foi elaborado pelo clube MeteoFreixo, que foi criado em outubro de 2017 pelo agrupamento de Freixo, em Ponte de Lima.
Este é um dos principais responsáveis pela rede de estações meteorológicas de Arcos de Valdevez e Paredes de Coura, tendo também criado o índice de risco natural de incêndio e geada, certificado pelo Politécnico de Viana do Castelo, e que é uma importante ferramenta para prevenir incêndios.
Com duas estações meteorológicas (analógica e digital), o clube partilha os dados que recolhe com os Bombeiros de Ponte Lima, a GNR de Freixo e o com a Proteção Civil, através do Comando Sub-regional do Alto Minho.